Sete detidos em Sydney ligados a Islão radical e suspeitos de planearem ataque

A polícia australiana anunciou hoje que sete indivíduos detidos no bairro de Liverpool, sudoeste de Sydney, têm ligações a uma ideologia islâmica extremista e são suspeitos de planearem um ataque.  

Lusa /

Segundo o vice-comissário da polícia de Nova Gales do Sul, David Hudson, os homens detidos viajaram do estado de Victoria (sul da Austrália) e foram intercetados na quinta-feira após uma operação que envolveu unidades táticas fortemente armadas. 

Durante a operação, cinco dias depois do ataque terrorista na praia de Bondi que visou participantes de uma festividade judaica e fez 16 mortos, a polícia intercetou os dois veículos em que os suspeitos seguiam. 

Hudson indicou haver "alguns indícios" de que Bondi seria um dos locais para onde o grupo se deslocava, embora tenha esclarecido que, neste momento, não há provas de uma intenção específica.  

"Acreditamos, neste momento, que os homens têm ligações a uma ideologia islâmica extremista", afirmou Hudson em entrevista à estação pública australiana ABC. 

O ataque terrorista de domingo na praia de Bondi, quando se assinalava a festividade judaica Hanukkah, foi realizado por dois muçulmanos com ligações ao grupo Estado Islâmico, pai e filho, e foi o pior tiroteio do género na Austrália em várias décadas. 

O pai foi abatido no local pela polícia e filho, de 24 anos, ficou ferido. 

Ambos foram acusados de terem causado 15 mortos e dezenas de feridos, num ataque que as autoridades descreveram como terrorista e antissemita. 

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) celebrou na quinta-feira ter inspirado o atentado contra a comunidade judaica de Sydney, mas não reivindicou a sua autoria. 

Num editorial do seu panfleto semanal al-Naba e com o título "Orgulho de Sydney", a organização terrorista observou que, embora "ainda não tenha tido a oportunidade de confrontar diretamente os judeus, os seus soldados e simpatizantes", "nunca deixou de tentar planear ataques contra eles em todo o lado". 

No texto divulgado no seu panfleto, a organização terrorista referiu que o ataque de Sydney seguiu os seus apelos para visar judeus e cristãos durante os seus feriados e encontros. 

"Transformaram o feriado de Hanukkah num funeral", comentou a organização, tratando os dois atacantes como "leões". 

Na quarta-feira, a polícia australiana apresentou 59 acusações, incluindo 15 por homicídio e uma por terrorismo, contra Naveed Akram, o atacante sobrevivente em Sydney. 

A Equipa Conjunta de Combate ao Terrorismo de Nova Gales do Sul declarou que o acusado ficou sob custódia policial no hospital, onde permanece internado com ferimentos graves depois de sair do estado de coma. 

O ataque, que durou cerca de nove minutos, matou 15 pessoas, com idades entre os 10 e os 87 anos, e feriu outras 42 entre a multidão que festejava o Hanukkah. 

Este caso é muito semelhante aos atropelamentos em massa ocorridos no primeiro dia do ano em Nova Orleães, nos Estados Unidos, que deixaram 15 mortos e dezenas de feridos, em que ao atacante assumia inspiração no EI, que também não reivindicou qualquer envolvimento. 

O atentado na Austrália gerou reações políticas, com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a exigir na terça-feira que os governos ocidentais tomem medidas contra o antissemitismo e garantam a segurança das comunidades judaicas em todo o mundo.   

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese anunciou na quinta-feira reformas legais para fortalecer o combate contra "aqueles que disseminam ódio, divisão e radicalização". 

O líder australiano explicou que o Ministério Público e o Ministério do Interior vão começar a trabalhar num pacote de medidas que inclui a criação de um crime agravado de discurso de ódio para pregadores e líderes que promovem a violência, bem como penas mais severas para discursos de ódio que incitam atos violentos.

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