"Shutdown". Trump impede viagem da presidente da câmara dos representantes

por Alexandre Brito - RTP
Nancy Pelosi no Congresso norte-americano Reutes

É mais um braço-de-ferro entre o presidente dos Estados Unidos da América e Nancy Pelosi, presidente da câmara dos representantes. Trump não autorizou a utilização de um avião para a deslocação de Pelosi ao Afeganistão, com uma paragem em Bruxelas. E justifica essa decisão porque o Governo continua parado - "shutdown" - pelo 28.º dia. Por causa disso milhares de funcionários públicos norte-americanos não estão a receber os ordenados.

Na génese deste conflito está o muro que Trump quer construir na fronteira com o México. Só que esse muro custa qualquer coisa como 5,7 mil milhões de dólares. Os fundos para a construção têm que ser aprovados no congresso, agora controlado pelos democratas, que recusam passar o cheque ao presidente republicano.

Perante isto, o governo fica paralisado, sem acesso a dinheiro. Uma situação que afeta milhares de funcionários públicos que estão já há algum tempo sem ordenado.


A situação não tem ainda fim à vista, e o confronto entre o presidente dos EUA e a presidente da câmara dos representates, que dura há vários dias, entrou agora num novo patamar.

O último degrau deste conflito está relacionado com uma viagem que Nancy Pelosi tinha planeado realizar ao Afeganistão para visitar as tropas norte-americanas. Uma deslocação com uma paragem em Bruxelas para um encontro no seio da NATO.

Como habitual nestas situações, a viagem de um alto representante norte-americano é realizada num avião militar.

Sabendo disso, Donald Trump não autorizou a realização da viagem, alegando que o momento não é o mais adequado devido à paralisação do Governo e ao facto de "800 mil trabalhadores norte-americanos não estarem a receber o ordenado".

Uma decisão que está a ser interpretada como uma retaliação pela recusa dos democratas em libertarem os fundos necessários para a construção do muro na fronteira com o México. Mas também pelo pedido recente de Nancy Pelosi ao presidente norte-americano para que adiasse o discurso do Estado da União devido à situação de paralisação do país.

O cancelamento da viagem, de acordo com a BBC, aconteceu apenas uma hora antes da hora marcada para a presidente da câmara dos representantes seguir viagem. Trump sugeriu no entanto que Nancy Pelosi poderia viajar, se assim entendesse, num voo comercial.

Drew Hammil, chefe de gabinete de Pelosi, veio entretanto esclarecer que a viagem obrigava a uma paragem técnica em Bruxelas para que a tripulação do avião pudesse descansar. Momento que seria aproveitado para encontros na NATO para "afirmar o compromisso dos Estados Unidos" com a aliança.


Esta decisão de impedir a viagem, num voo militar, a Nancy Pelosi, pelo presidente dos EUA, está a ser interpretada no meio político norte-americano como um desrespeito de Trump por uma congressista que está em terceiro na linha de sucessão na presidência.
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