Damien Tarel, o homem que na terça-feira esbofeteou o presidente francês, foi condenado a 18 meses, quatro dos quais de prisão efectiva e o restante de pena suspensa. Tarel foi identificado como simpatizante da extrema-direita, mas não se provou que a agressão fosse premeditada ou organizada por um círculo mais vasto de pessoas.
As testemunhas recordam que, ao esbofetear Emmanuel Macron, Tarel gritou "Montjoie, Saint Denis !", o grito de guerra dos restauracionistas monárquicos habitualmente usado no século XVIII contra a primeira república, e depois sempre retomado pela extrema-direita, incluindo no século XX a Action Française de Charles Maurras, ou mais recentemente por grupos fundamentalistas monárquico-cristãos como o Círculo Richelieu.
Aos depoimentos das testemunhas e gravações feitas na ocasião, a polícia juntou as investigações que fez posteriormente. E destas investigações resulta, segundo a estação de rádio Europe 1, que Tarel, um aficcionado das artes marciais, é também um frequentador de diversos sites de extrema-direita, que faz circular nas redes sociais imagens suas em indumentária de cavaleiro medieval. Entre as entidades que foram objecto do seu interesse e assumida simpatia encontra-se a auto-denominada Action Français de Lyon, embora nada conste de uma filiação ou de um envolvimento militante do agressor de Macron.
A inexistência até agora de quaisquer indícios de uma ligação orgânica de Tarel a algum grupo de extrema-direita parece dar crédito à explicação que este apresentou: ao ver Macron, sorridente, dirigir-se a ele, ter-se-á indignado pelas intenções que lhe viu estampadas no rosto, de capturar o seu voto nas próximas eleições presidenciais. E terá reagido espontaneamente, esbofeteando o presidente.
No entanto, um outro facto faz admitir uma premeditação ou mesmo uma concertação com outras pessoas para preparar aquela reacção, dita "espontânea". Com efeito, Tarel era acompanhado por um outro indivíduo, que filmou a agressão e que depois foi interrogado pela polícia. As buscas realizadas na residência deste segundo suspeito resultaram na apreensão de um exemplar do livro de Hitler Mein Kampf, e também de uma espingarda, para a qual tinha licença de uso e porte.