Sindicalista de centro será o relator do projeto de amnistia no parlamento do Brasil

O sindicalista e deputado brasileiro de centro Paulo Pereira da Silva será o relator do projeto de amnistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado que está em trâmite no Congresso, foi hoje anunciado.

Lusa /

Conhecido como "Paulinho da Força", o legislador do partido Solidariedade ficará encarregado de construir um texto de "consenso" juntamente com o Senado e o resto das forças parlamentares que "permita pacificar o país", segundo declarou o próprio aos jornalistas.

"O país não aguenta mais esta polarização", afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, anunciou hoje nas suas redes sociais o nome de Paulinho da Força como relator do controverso projeto de amnistia, rejeitado de forma categórica pelo chefe de Estado, Lula da Silva.

Paulinho da Força terá como base uma iniciativa já em curso na Câmara dos Deputados que prevê uma amnistia para os participantes nas manifestações golpistas realizadas desde a vitória de Lula da Silva na segunda volta das eleições de 2022 até à entrada em vigor do projeto.

O projeto em questão concede amnistia "aos participantes das manifestações reivindicatórias de motivação política ocorridas entre o dia 30 de outubro de 2022 [data da última eleição presidencial] e a data de entrada em vigor da lei".

Este projeto poderá beneficiar centenas de pessoas, entre as quais o ex-Presidente Jair Bolsonaro, condenado em 11 de setembro por atentar contra o Estado democrático de direito.

Pelos episódios de 08 de janeiro de 2023, o Supremo já proferiu até ao momento 683 condenações.

As discussões sobre a amnistia aceleraram-se desde que, na semana passada, a Primeira Turma do Supremo condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão.

Paulinho da Força, que já foi muito próximo de Lula da Silva, embora nos últimos anos se tenha distanciado do chefe de Estado, evitou precisar se o texto que defenderá no parlamento beneficiará também Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliária.

A Câmara dos Deputados, dominada por forças de centro e centro-direita, aprovou na quarta-feira que o projeto de amnistia tramite em regime de urgência.

Isso significa que o processo legislativo será encurtado e poderá ser analisado diretamente no plenário, sem necessidade de passar por comissões.

No entanto, mesmo que receba o apoio da maioria dos deputados, ainda terá de superar o crivo do Senado.

A eventual amnistia também poderá acabar no Supremo, como já anteciparam alguns legisladores da esquerda.

Em 11 de setembro, Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão, depois de uma maioria no Supremo Tribunal Federal ter condenado o ex-Presidente por tentativa violenta de abolição do Estado de direito democrático, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património.

Bolsonaro foi ainda considerado culpado de liderar uma organização criminosa.

 

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