"Síndrome de Havana". EUA querem descobrir como apareceu esta doença e "quem é o responsável"

por RTP
Secretário de Estado dos Estados Unido, Antony Blinken Reuters

Não se sabe qual é a origem nem como se está a disseminar, mas há mais quatro diplomatas norte-americanos, a trabalhar em Genebra e em Paris, diagnosticados com a doença neurológica conhecida com "Síndrome de Havana". O secretário de Estado dos Estados Unido, Antony Blinken assegurou, esta quinta-feira, que Washington está a investigar esta "doença misteriosa" e quem poderá "estar por de trás" da sua disseminação.

"Até agora, não sabemos exatamente o que aconteceu nem sabemos exatamente quem é o responsável", disse Blinken numa entrevista à MSNBC.

Três diplomatas dos EUA ficaram doentes na cidade suíça e um na capital francesa no verão passado, tendo sido identificadas cerca de 200 pessoas, incluindo funcionários de embaixadas norte-americanas e respetivos familiares, com esta doença nos últimos cinco anos. O secretário de Estado garantiu, contudo, que a Casa Branca está a tentar “desvendar o mistério”.

"Estamos a fazer horas extras na Administração para aprofundar o que aconteceu, quem é o responsável".

"Temos o Departamento de Inteligência, temos o Departamento de Defesa, temos o Departamento de Estado, os nossos cientistas todos a tentar chegar ao fundo disto", acrescentou.

O Wall Street Journal avançou, também esta quinta-feira, que os diplomatas recentemente infetados estão em missão em Paris e em Genebra, locais onde decorreram negociações entre os EUA e a Rússia na segunda-feira, sobre a continuidade das forças russas na fronteira com a Ucrânia.


A “Síndrome de Havana” foi identificada pela primeira vez entre autoridades norte-americanas na capital cubana, em 2016, e caracteriza-se por sintomas como cefaleias, náuseas, lapsos de memória e tonturas. Segundo Blinken, que se reuniu com vários funcionários do Departamento de Estado, explicou ainda que todos descreveram os mesmo sintomas na forma como afetavam o seu dia-a-dia.

"Não há dúvida, para mim, que as pessoas foram direta e gravemente afetadas", disse."Mas temos que descobrir exatamente o que aconteceu e quem pode ser o responsável, e é isso que estamos determinados a fazer. (...) Nós vamos descobrir. Até lá, temos que fazer o possível para proteger as pessoas e, como disse, cuidar delas".
“Armas micro-ondas”. De quem é a responsabilidade?
Esta doença, desde que apareceu em 2016, tem alimentado teorias de crime. Um relatório de dezembro de 2020 da Academia Nacional de Ciências encomendado pelo Departamento de Estado descobriu que uma eventual radiação de micro-ondas é provavelmente a causa da doença, mas não determinou a fonte.

Antony Blinken indicou na entrevista que Washington já questionou a Rússia sobre esta questão mas que, até ao momento, não se descobriu quem será o responsável.

“Deixámos claro que se eles forem os responsáveis, ou melhor, quem for responsável sofrerá graves consequências”.

Embora não passe de teorias, a BBC adianta que há quem aponte o dedo à Rússia e à China, mas que os EUA também estariam a fazer investigações com “armas micro-ondas” para fins militares. Moscovo já rejeitou as acusações, dizendo que se trata de “hipóteses fantasiosas”.
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