Sobe para 59 número de suspeitas de intoxicação com metanol em bebidas no Brasil
O número de pessoas com suspeitas de intoxicação com metanol em bebidas alcoólicas no Brasil subiu para 59, entre os quais um famoso `rapper` de Brasília, indicaram esta sexta-feira as autoridades.
De acordo com o mais recente boletim, 41 casos foram registados em São Paulo.
Foram ainda registadas oito mortes, sendo que, destas, sete estão ainda em investigação.
O `rapper` Hungria, de 34 anos, está internado num hospital em Brasília com suspeita de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica.
Deu entrada no hospital com quadro de cefaleia, náuseas, vómitos, turvação visual e acidose metabólica, segundo a Agência Brasil.
Entretanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já acionou várias autoridades internacionais para trazer antídoto do metanol para o Brasil.
"Uma das prioridades da Anvisa é viabilizar a disponibilidade do medicamento fomepizol, indicado como antídoto para intoxicação por metanol. A Agência já consultou formalmente autoridades reguladoras internacionais sobre a autorização de comercialização do produto em seus respetivos países", indicou.
Em São Paulo começaram hoje a ser distribuídas duas mil doses do antídoto contra intoxicação por metanol em vários hospitais do estado.
"Nós estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país. A entrada da Polícia Federal no plano se deve à suspeita de envolvimento de uma organização criminosa relacionada à adulteração de bebidas", disse, em comunicado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Na quarta-feira, o Ministério da Saúde anunciou a instalação de uma Sala de Situação para monitorizar os casos de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica e coordenar as medidas a serem adotadas.
Em causa está a falsificação de bebidas alcoólicas para serem comercializadas.
Em entrevista à TV Brasil, o diretor de comunicação da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) afirmou que o metanol importado pelo crime organizado para adulterar combustíveis pode ter sido desviado para distribuidoras de bebidas, estando na origem dos recentes casos de intoxicação em São Paulo.
Esse ter-se-á intensificado após a Operação Carbono Oculto, que em agosto desmantelou um esquema de fraude e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.
Com empresas e transportadoras ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) interditadas, acabou por ser escoado também para destilarias ilegais, denunciou o responsável.
A partir de setembro, "pacientes intoxicados apresentaram histórico de ingestão de bebidas destiladas em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky e vodka", disse o Governo brasileiro.