Solana pediu a Morales segurança para investimentos estrangeiros
O Alto Representante para a Política Externa da União Europeia, Javier Solana, pediu hoje ao Presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, para garantir a "segurança jurídica" dos investimentos estrangeiros.
"A segurança jurídica é uma questão fundamental. Trata-se de um país que precisa de dinheiro do estrangeiro, investimentos externos", declarou Solana depois de um encontro com Evo Morales em Bruxelas.
O responsável europeu assegurou ao Presidente eleito o apoio da União Europeia nos esforços para encorajar o crescimento económico e a justiça social, e combater a pobreza", tendo Morales manifestado a vontade de reforçar o controlo estatal das empresas e recursos energéticos.
Questionado sobre a produção de coca, o novo líder boliviano, que foi dirigente dos plantadores de coca, limitou-se a afirmar que está na Europa a convite dos Governos e da UE para discutir e explicar as bases do futuro Governo da Bolívia.
Ainda em Madrid, antes de partir para Bruxelas, Morales assegurou hoje que os interesses empresariais espanhóis na Bolívia serão tidos em conta pelo seu Governo e pediu a Espanha que invista na reforma social e educativa do seu país.
As empresas espanholas "não devem temer" o futuro Governo da Bolívia, mas Espanha "tem a responsabilidade de investir" neste país para promover o progresso, disse esta manhã, no final da visita a Madrid.
Em breves declarações aos jornalistas, o líder socialista boliviano mencionou algumas medidas que o seu Governo tomará de imediato, tais como: a reforma económica para pôr termo ao modelo neoliberal e aos projectos sociais, e de apoio a pequenas empresas.
A etapa da visita de Morales a Espanha ficou marcada por encontros com o coordenador geral da Esquerda Unida (IU), Gaspar Llamazares, dirigentes sindicais da União Geral de Trabalhadores (UGT) e de Comissões de Trabalhadores (CCOO), e pela visita ao Instituto Elcano, um centro de análise política.
Quarta-feira, o chefe de Estado da Bolívia esteve reunido com os ministros dos Negócios Estrangeiros, Miguel Angel Moratinos, da Indústria, José Montilla, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero e, ao final do dia, com o Rei Juan Carlos.
Ao longo do dia e meio que passou em Madrid, Morales foi parco em declarações - ao contrário do que aconteceu em Cuba e na Venezuela onde esteve antes -, mas deixou bem claro a ideologia que guiará a sua governação, ao assinalar que a sua "única discrepância" com Ernesto Che Guevara é a de que o célebre guerrilheiro alcançou a vitória recorrendo às armas.
Ao contrário - sublinhou -, o seu partido, o Movimento para o Socialismo (MAS), conquistou o poder com votos.
Evo Morales prosseguirá o seu périplo pela Europa deslocando- se depois de Bruxelas à Holanda, França, China, África do Sul e Brasil.