A sonda chinesa não tripulada Chang’e-4 pousou no lado oculto da Lua esta quarta-feira, às 10h26 (2h26 em Lisboa). Foi a primeira a ser bem-sucedida numa alunagem deste tipo. Munida de instrumentos com os quais irá analisar a geologia da região, nunca antes explorada, a sonda irá também fazer experiências biológicas.
A equipa responsável pelo lançamento da Chang’e-4 pretende estudar partes da camada de rocha derretida que se encontra na Bacia, de modo a identificar as variações na sua composição.
Está ainda previsto o estudo do pó e fragmentos de rochas que se encontram à superfície, o que poderá permitir entender como a Lua foi formada.
A Bacia do Pólo Sul-Aitken é a maior, mais profunda e mais antiga cratera da Lua e terá sido originada por um impacto gigante nos primórdios do satélite natural. Os especialistas acreditam que o acontecimento responsável por esta formação foi tão poderoso que perfurou a crosta da Lua e chegou ao manto.
What does the far side of the moon look like?
— China Xinhua News (@XHNews) 3 de janeiro de 2019
China's Chang'e-4 probe gives you the answer.
It landed on the never-visible side of the moon Jan. 3 https://t.co/KVCEhLuHKT pic.twitter.com/BiKjh7Fv22
A Chang’e-4 foi lançada a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang a 7 de dezembro de 2018, tendo alcançado a órbita lunar cinco dias depois. A sonda leva consigo duas câmaras, equipamento alemão que emite radiações e um espectrómetro, instrumento que mede as propriedades da luz.
O dispositivo transporta ainda um recipiente com três quilogramas de sementes de batata e da planta arabidopsis, assim como ovos de bichos-da-seda, elementos com os quais serão realizadas experiências biológicas que se inserem num projeto elaborado por 28 universidades chinesas.
As sondas Chang’e-5 e 6 serão utilizadas como dispositivos de recolha, que realizarão viagens ao satélite natural para colher amostras do solo e de rochas e depois regressarão para que estas possam ser estudadas em laboratório. A Chang’e-5 deverá ser lançada em 2020.
Ye Quanzhi, astrónomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia Caltech, avançou à britânica BBC que esta é a primeira vez que a China “tentou algo que outras potências espaciais nunca tentaram”.
O feito singular já foi saudado no Twitter pelo diretor da NASA, Jim Bridenstine: "Parabéns à equipa chinesa Chang'e-4 pelo que parece ser uma alunagem bem-sucedida no outro lado da Lua. Esta uma primeira vez para a humanidade e uma conquista impressionante!".
Congratulations to China’s Chang’e-4 team for what appears to be a successful landing on the far side of the Moon. This is a first for humanity and an impressive accomplishment! pic.twitter.com/JfcBVsjRC8
— Jim Bridenstine (@JimBridenstine) 3 de janeiro de 2019
A Lua tem sido alvo de várias missões nos últimos anos, mas a maioria delas realizou-se apenas na órbita deste satélite natural ou por impacto. A missão Apollo 17 foi a última a conseguir alunar, em 1972.
A passagem do ano começa assim de forma positiva para a exploração espacial: primeiro com a chegada, no dia 31 de dezembro, da sonda OSIRIS-Rex ao asteróide Bennu, depois com a passagem da New Horizons pelo asteróide promordial Ultima Thule e agora com a alunagem chinesa.