Sonda Rosetta desorientou-se devido às poeiras do Cometa 67P

A sonda europeia Rosetta quase chocou com o 67P/Churyumov–Gerasimenko devido a erros de navegação quando, na passada semana, esteve muito perto do cometa que acompanha.

Nuno Patrício, RTP /
Esta foto impressionante foi captada a partir de dois quadros da NAVCAM adquiridos a 19,9 km do centro do cometa em 28 de março. A escala é de cerca de 1,7 m / pixel e a imagem mede 3,1 x 1,7 km. A imagem foi ajustado para a intensidade e contraste. Fotos: ESA/Rosetta/NAVCAM

“Escapou por pouco”, diz Sylvain Lodiot, um dos cientistas que acompanham a sonda europeia Rosetta, no Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC), em Darmstadt (Alemanha), “mas ela está agora a uma distância respeitosa do cometa”.

"Os problemas começaram no dia 28 de março, sábado, e decorreram durante todo esse fim-de-semana. Foi mesmo muito violento", disse Sylvain Lodiot.



O desabafo veio depois do susto porque, quando a sonda Rosetta se aproximou do cometa 67/P, os dois sensores de estrelas que permitem à sonda orientar-se foram perturbados por muitos detritos de poeira circundante, diz Sylvain. "Os sensores não viam mais nada", o que levou os computadores de bordo a pensarem que os detritos do cometa eram estrelas, o que distorcia tudo.

Os engenheiros da ESA já tinham visto este problema em fevereiro, durante uma passagem a apenas 6 km da superfície do 67/P, mas nessa altura as poeiras eram menores.

Agora, com a aproximação do cometa ao sol, as poeiras aumentaram, de tal forma que o cientista da ESA diz que a "Rosetta não está pronta para voltar, tão cedo, para perto do cometa".

O susto foi tão grande que os controladores da missão queriam reativar os sensores, essenciais para uma boa navegação da sonda, mas os sistemas recusavam-se a voltar para trás.

"Durante toda a noite de sábado para domingo, fizemos tentativas regularmente para reiniciar", diz o jovem francês.
A antena direcional Rosetta não apontava para a Terra, o que teve um impacto sobre as comunicações.

No domingo dia 29 de março a situação piorou: “Estávamos a perder o sinal com a Rosetta. Eu vi-a desaparecer lentamente. Foi dramático", diz Lodiot.



A sonda foi então programada para o modo seguro (safe mode) durante um período de tempo. Todos os instrumentos foram desligados. A prioridade era salvar “o navio” e manter o contato com a Terra.

"Felizmente, os sensores começaram a funcionar quando a sonda se encontrava a 75 km do cometa."

Já na segunda-feira, dia 30 de março, a Rosetta foi reprogramada para modo normal. "A sonda foi capaz de recuperar, mas vai demorar um pouco mais de tempo para retomar a sessão normal", disse a ESA.



A sonda já respondeu e agradeceu: "Obrigado por suas mensagens amáveis", disse a Rosetta na quinta-feira através do Twitter. "Eu me sinto muito melhor e espero retomar minhas atividades normais em breve", disse ela para tranquilizar os muitos acompanhantes da missão.

As equipas que seguem a missão Rosetta estão já a refazer todo o plano de voo da sonda - um trabalho que obriga a deitar fora meses de trabalho, afirma Lodiot.

O cometa está actualmente a mais de 420 milhões de km da Terra e 293 milhões de quilómetros do sol.

A atividade do cometa deverá aumentar nos próximos meses, uma vez que se aproxima do seu "periélio" em 13 de agosto. Este é o ponto mais próximo do Sol na órbita do cometa.
Rosetta mostra fotos do 67/P
A missão da Rosetta, apesar do último susto, tem revelado fotografias muito interessantes do 67/P Churyumov–Gerasimenko.

Numa das passagens, realizadas em fevereiro, a sonda captou várias secções da região catalogada como Imhotep.



O mosaico fotográfico capta a fronteira entre Imhotep e Ash para a esquerda.


As falésias de Hathor no pequeno lóbulo são visíveis no fundo na zona extrema-esquerda.

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