Space X. NASA quer colocar astronautas na Estação Espacial em maio

Está previsto para de hoje a um mês o regresso dos voos espaciais tripulados por parte dos astronautas norte-americanos, em cápsulas Made in USA. Quase nove anos depois do encerramento oficial do programa Space-Shuttle, a NASA pode retomar o transporte dos seus astronautas em veículos totalmente novos e privados, regressando aos formatos balísticos utilizados durante as missões Mercury e Apollo, na segunda metade do século XX.

Nuno Patrício - RTP /
Representação gráfica da acoplagem da Dragon II à Estação Espacial Internacional; Foto: NASA/SpaceX

Se tudo correr como o programado, as honras de transporte serão iniciadas, no dia 27 de maio, através do modelo espacial Dragon II, uma cápsula espacial reutilizável, totalmente produzida pela agência privada de Elon Musk, a Space X.


Com uma única solução para fazer chegar astronautas americanos à Estação Espacial Internacional (EEI), através da boleia dos foguetes Soyuz da agência espacial Russa Roskosmos, o Congresso norte-americano teve de olhar para o orçamento espacial e tomar decisões importantes.

Perante o evoluir da tecnologia e com uma cada vez maior participação privada de empresas nesta área, a NASA lançou um concurso público para a elaboração de um meio de transporte espacial, de bandeira americana, que acabasse de uma vez por todas a dependência dos concorrentes espaciais.

Uma corrida de milhões em que apenas duas empresas, privadas, conseguiram prevalecer: A Boeing, parceira há muitos anos da NASA, e a mais recente parceria com a Space X e os novos lançadores (Falcon X), que permitiram nos últimos anos abastecer a EEI.
Três modelos , mas apenas um a cumprir os objetivos

A Boeing desenvolveu o modelo CT-100 Starliner, consistindo numa cápsula fabricada para o programa Commercial Crew Development da NASA (CCDev). Tem como principal objetivo transportar tripulação para a EEI e futuras estações espaciais privadas, como a Estação Espacial Comercial Aeroespacial Bigelow, também proposta pela mesma companhia.

Da Space X saiu a Dragon II, um modelo também baseado numa cápsula com o mesmo objetivo primário da Boeing - levar astronautas até à EEI. Além desta finalidade primária, a Dragon II servirá no futuro, segundo a empresa financiadora, para transportar humanos com vista a uma futura exploração turística no espaço com a contrução de uma estação espacial de nome Axiom.

Mas não se pense que a NASA ficou à espera destas duas empresas de braços cruzados, tendo também a agência norte-americana um projeto próprio co-financiado por dinheiro públicos, de nome Orion.


Apesar de este modelo ser em tudo idêntico aos projetos privados, o Orion consiste no desenvolvimento de uma nave espacial, tipo cápsula, para exploração humana do espaço profundo, construída para transportar astronautas à Lua, a Marte e a asteróides.

Este modelo é baseado no antigo Orion Crew Exploration Vehicle, do cancelado Programa Constellation. Dividido em duas partes, o módulo de comando foi construído pela Lockheed Martin e o módulo de serviço, fornecido pela ESA, pela Airbus Defence and Space.
Um "Dragon" (privado) leva humanos ao espaço
Está previsto para 27 de maio o retorno dos voos tripulados por parte da NASA. Um voo há muito aguardado, mas que terá um sabor agridoce, pois esta viagem espacial vai ser realizada por uma empresa privada.

De nome Dragon II, este modelo da Space X é uma adaptação de um primeiro modelo (Dragon) que agora comporta a possibilidade de transportar seres humanos até à órbita terrestre.


Após seis anos de desenvolvimento, bem como vários sucessos e falhas de testes ao longo do caminho, a cápsula está pronta para finalmente transportar seus primeiros passageiros: o astronauta da NASA Doug Hurley, como comandante da Dragon II, e o astronauta da NASA Bob Behnken, que desempenhará a posição de comandante de operações conjuntas.

Miguel Gonçalves, comunicador de ciência e apresentador da rubrica "A Última Frotneira" da RTP , diz que esta conquista por parte da Space X é uma resposta clara das capacidades da empresa de Elon Musk, neste área, apesar de a NASA ter apostado e investido financeiramente na sua concorrente Boeing.

"Investiu muito mais dinheiro com a Starliner da Boeing do que na Space X, para fazer exatamente o mesmo que faz a Starliner, e depois dos testes realizados com ambas as naves estes foram elucidativos sobre que ganhou esta corrida".

Depois dos Space-Shuttles o regresso às cápsulas espaciais
Quem conhece a história e o desenvolvimento da aventura espacial humana pode interrogar-se do porquê do regresso ao sistema usado no início da exploração espacial: as cápsulas.

É na verdade um pequeno regresso ao passado, mas agora com tecnologias plenamente desenvolvidas e testadas a bem da segurança dos astronautas.

Se nos programas Mercury e Apollo, este sistema de transporte e viagem foi concebido num período de grande pressão, no qual americanos e russos competiam por um lugar no podium espacial, atualmente esta questão está ultrapassada, levando as preocupações para o bem-estar e a reutilização destes sistemas.

Apesar de o programa dos vaivéns se ter revelado inovador, certo é que também mostrava algumas fragilidades, algumas delas com consequências trágicas, como são exemplo as explosões do Challenger (1986) e do Columbia (2003).

E se o velhinho sistema continua a ser o mais eficaz e seguro, este retorno é bem-vindo.

"É evidente que estamos todos contaminados e bem contaminados com a ficção científica", diz Miguel Gonçalves. Aviões espaciais, com rotas diárias entre a Terra e a lua ou Marte ainda são fruto da nossa imaginação. (...) As cápsulas agora redesenhadas são muitíssimo superiores às da época Apollo”.
O que os engenheiros fizeram atualmente foi pegar nestes modelos e adaptá-los à nova realidade, porque a ficção cientifica vive das grandes produções cinematográficas.
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