SPD alemão em perda de velocidade a caminho das eleições

As eleições para o parlamento da Renânia do Norte-Vestfália serão o último teste importante antes das eleições para o parlamento federal alemão (Bundestag) de setembro próximo. A Renânia é uma região com peso significativo na economia alemã e com um eleitorado (13 milhões) bem maior do que o de Portugal inteiro. É também um velho baluarte social-democrata, em que o SPD está agora a perder terreno. Mas a CDU não beneficia dessa perda tanto como poderia supor-se.

RTP /
A chefe social-democrata do Governo renano, Hannelore Kraft, em campanha Reuters

As últimas sondagens publicáveis em tempo de campanha eleitoral apontam para uma maioria tangencial do SPD ou mesmo para um empate técnico com a CDU, democrata-cristã.

Nas anteriores eleições, de 2012, o SPD ganhara com 39 por cento, contra 26 por cento da CDU. Segundo o instituto de estudos de opinião Civey, ainda no fim de abril, o SPD mantinha uma confortável vantagem sobre a CDU, na ordem dos nove pontos percentuais. Mas, entre outros factores, o desastre sofrido pelo SPD em Schleswig-Holstein na semana passada repercutiu-se no ambiente político renano.

A tendência para o nivelamento entre os dois partidos tem vindo a acentuar-se nos últimos dias. Segundo a mais recente sondagem do mesmo Civey, realizada para o diário Rheinische Post e para o Spiegel-Online e hoje publicada por ambos, o SPD já só obteria 32,5 por cento, com a CDU muito próxima, nos 31,6 por cento. Sondagens de outros institutos apontam diferenças ainda menores, ou mesmo empates técnicos e até, num caso, uma minúscula vantagem da CDU.

A chefe social-democrata do Governo renano, Hannelore Kraft, não pode, perante este quadro de prognósticos, considerar-se segura de obter uma renovação do seu mandato. O rival democrata-cristão, Armin Laschet, poderia sair das eleições como o lider mais votado e, portanto, com a incumbência de constituir o próximo Governo na cidade de Colónia.

Contudo, o fechamento do intervalo entre os dois principais partidos não se deve a uma transferência de votos do SPD para a rival mais próxima. Com efeito, as intenções de voto na CDU têm-se mantido mais ou menos estagnadas ao longo das últimas semanas. Quem tem ganho são principalmente os liberais (FDP), a extrema-direita (AfD) e a esquerda (PdL).

A FDP, depois de ter sido com muita frequência desde a Segunda Guerra Mundial um partido do chamado "arco da governação", tinha decaído tanto que chegou a parecer à beira de se degradar para um estatuto extra-parlamentar. Agora, nas sondagens da política renana, ressurge como árbitro potencial de futuras coligações. Chefiada por Christian Lindner, a FDP aparece com 12,6 por cento das intenções de voto.

Para várias institutos de estudos de opinião, a FDP não beneficia apenas de simpatias no tradicional ou potencial eleitorado democrata-cristão, mas também de transferências de voto verde. O partido ecologista, ao mimetizar-se cada vez mais com os liberais, apagou muits das fronteiras que em anos passados impediam essa transferência. Se em 2012 superara a barreira dos 10 por cento, agora deverá ficar-se pelos 6,4 por cento.

Quanto à "Alternativa para a Alemanha" (AfD, de extrema-direita), segundo as sondagens ela poderá festejar, também com 6,4 por cento a sua estreia no parlamento renano. Mas o salto de zero para alguma coisa, medido em comparação com as eleições de 2012 a que não concorrera a AfD, não consegue dissimular o acentuado recuo do partido nos últimos meses, num contexto de derrapagens verbais pró-nazis em vários dos seus dirigentes, e de dissensões públicas daí resultantes.

O Partido da Esquerda (PdL) que concorrera semêxito em 2012, poderá atingir desta feita os 5,7 por cento. Será um progresso modesto, que o manterá abaixo do score dos verdes e da AfD, mas que lhe permitirá superar a fasquia dos 5 por cento que, na eleição anterior, lhe vedara a entrada no parlamento regional. Entre as transferências de votos de que pode beneficiar contam-se, naturalmente, as do voto verde.
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