SPD já faz planos para a derrota

por RTP

A luta por pastas ministeriais costuma começar antes da vitória. No caso do SPD, começou antes de uma derrota anunciada. Os mais destacados social-democratas repartem os cargos e planeiam as suas vidas a contar com a derrota.

Sygmar Gabriel, líder social-democrata entretanto substituído por Martin Schulz, em linha com o que é habitual em período de pré-campanha eleitoral, dissera em agosto, em entrevista ao semanário Stern, que depois das eleições não se voltaria à fórmula de "Grande Coligação" (entre a CDU democrata-cristã e o SPD).

Com esta declaração provocara a fúria do líder partidário e cabeça de lista, Martin Schulz. Na verdade, a declaração de Gabriel seria em tese mais expectável do que a ira de Schulz e era esta que constituía o facto mais notável, já a anunciar a sua campanha, toda ela a meio gás e a pecar por falta de convicção.

Mas entretanto Gabriel já adoptou um tom diferente nas suas declarações públicas, afirmando nomeadamente, numa conferência promovida pelo jornal Handelsblatt, que "evidentemente" gostaria de continuar como ministro dos Negócios Estrangeiros. O cargo de MNE é o que Gabriel desempenha já no actual Governo de Merkel e o desejo de continuação sugere que o destacado social-democrata deixou cair as suas objecções à "Grande Coligação".

No desiderato de permanecer à frente da política externa, Gabriel teria, aliás, mais a recear de Schulz do que da própria Merkel - em caso de se reeditar a "Grande Coligação". Com efeito, também Schulz faz planos pessoais para o cenário de um novo Governo de Merkel e não é segredo que gostaria, nesse caso, de acumular com o seu actual cargo de vice-chanceler o de MNE, como trampolim para lutar em novo round eleitoral pela sucessão de Merkel que obviamente não conseguirá desta vez.

Por seu lado, a ministra social-democrata do Trabalho, Andrea Nahles, afirma, segundo citação de Der Spiegel: "Poder continuar como ministra do Trabalho seria bom". E o chefe da bancada social-democrata no Bunedestag, Thomas Oppermann, não prevê que alguém lhe possa oferecer uma pasta ministerial e declara: "Gostei sempre de ser líder parlamentar e gostaria de continuar a sê-lo".
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