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Guerra no Médio Oriente
Steconfer. Empresa portuguesa na "lista negra" da ONU de sociedades ligadas a colonatos israelitas
Uma empresa portuguesa surge na "lista negra" das Nações Unidas de sociedades ligadas ao desenvolvimento dos colonatos israelitas, considerados ilegais ao abrigo do Direito Internacional. A lista atualizada, divulgada esta sexta-feira pela ONU, inclui um total de 158 empresas, a maioria das quais israelitas.
A Steconfer S.A. é uma empresa portuguesa de construção de vias férreas, construção civil e obras públicas.
É também a única sociedade do país a surgir na “lista negra” da ONU, junto a empresas do Luxemburgo, Espanha, Estados Unidos, Países Baixos, França, China, Reino Unido, Alemanha, Canadá e, na grande maioria, Israel.
“As empresas devem assumir a responsabilidade de respeitar os Direitos Humanos ao abrigo de normas internacionais amplamente aceites, para além de garantirem o cumprimento das leis e regulamentos nacionais de proteção dos Direitos Humanos”, recomenda a ONU no relatório agora divulgado. A Airbnb, a Booking.com, a Motorola Solutions e a Trip Advisor são algumas das empresas internacionais incluídas na lista.
A Steconfer já reagiu, garantindo ter um "papel neutro e apolítico" nos países onde opera e pedindo para ser retirada deste banco de dados das Nações Unidas.
A empresa “não tem qualquer relação contratual direta com o Governo de Israel ou qualquer autoridade governamental da região”, assegurou numa carta ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos a que a agência Lusa teve acesso.
"O seu papel limita-se estritamente à execução técnica de obras como subcontratado de grandes empreiteiros de engenharia, aquisição e construção", acrescentou.Steconfer pede que ONU reconsidere
Garantindo ter um "compromisso com a defesa dos Direitos Humanos, do direito internacional e dos valores da transparência e da paz", a Steconfer refere que opera em mais de 15 países, "disponibilizando sistemas de transporte público com o objetivo de melhorar a mobilidade, a sustentabilidade e o bem-estar da comunidade".
A empresa frisa ainda que não forneceu qualquer equipamento ou material diretamente aos colonatos israelitas e que todos os materiais utilizados foram adquiridos e entregues exclusivamente no âmbito do projeto do comboio ligeiro sobre carris de Jerusalém.
Além disso, a empresa "não possui, controla ou explora os recursos naturais da região" e tem uma "política de estrita neutralidade", abstendo-se de se envolver "em discursos ou decisões políticas em regiões sensíveis ao conflito", refere a carta.
A Steconfer vai agora lançar um mecanismo para "identificar, avaliar e mitigar potenciais riscos para os Direitos Humanos associados a operações em territórios sob disputa internacional".
Na mesma carta, a empresa sediada em Santarém pede à ONU que reconsidere a sua inclusão na lista, até porque "não tem a intenção de beneficiar economicamente dos colonatos e está a tomar medidas proativas para alinhar as suas operações com os padrões internacionais de direitos humanos".
c/ Lusa