Sudão. UE pede aos militares que retirem da prisão domiciliária primeiro-ministro detido após golpe

por Lusa

A União Europeia (UE) exortou hoje a que os militares sudaneses permitam que a comunidade internacional se reúna com o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, e que a sua prisão domiciliária seja levantada.

O primeiro-ministro do Sudão está em prisão domiciliária desde o golpe de Estado, em 25 de outubro. 

Numa declaração escrita, o alto representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, salientou que Hamdok deve poder desempenhar o seu "papel plenamente legítimo e indispensável na condução do país para um regresso ao documento constitucional e ao acordo de paz de Juba".  

"Para que isto aconteça, ele precisa de ser livre para se mover e reunir sem condições ou limitações", disse Borrell, observando com "grande preocupação" que a sua prisão domiciliária continua e que a sua capacidade de comunicar com o mundo é "muito limitada".

Este apelo surge no mesmo dia em que o líder militar do Sudão, o general Abdel-Fattah al-Burhan, emitiu um decreto para criar um novo Conselho Soberano, o órgão máximo do processo de transição, desempenhando o cargo de Presidente.

O general al-Burhan dissolveu todas as instituições no golpe de Estado de 25 de outubro.

O novo Conselho Soberano é composto por 15 membros, o mesmo número que no antigo órgão, nove dos quais são membros antigos, enquanto os seis novos membros são representantes civis de diferentes regiões sudanesas. São cinco militares, três líderes de movimentos rebeldes armados e seis civis.

A UE faz um apelo "urgente" ao poder militar para que liberte imediatamente todos os que se encontram detidos desde 25 de outubro, data do golpe de Estado liderado por Al-Burhan, disse Borrell.  

O chefe da diplomacia europeia declarou também que a UE salienta que a integridade física destes detidos e o respeito pelos seus direitos humanos são da inteira responsabilidade dos militares.

É essencial, acrescentou, que as forças de segurança atuem com contenção e respeitem o direito à manifestação pacífica, uma vez que se espera que novas manifestações pacíficas sejam anunciadas nos próximos dias.

 Está agendada uma manifestação em massa de plataformas civis da oposição contra o golpe, a realizar dentro de dois dias, para condenar a liderança militar, bem como a onda de detenções de vários ativistas e importantes líderes da oposição.

A UE também apelou aos militares para que restabelecessem completamente, e rapidamente, os serviços de internet em todo o país.

"O livre acesso à informação para todos os cidadãos sudaneses é indispensável para alcançar a liberdade, justiça e paz para todos", concluiu Borrell.

Tópicos
pub