O sul da Faixa de Gaza foi palco de intensos bombardeamentos israelitas na noite de terça-feira, apesar das pressões internacionais para um "cessar-fogo imediato" no território palestiniano ameaçado pela fome.
Segundo a agência France Presse, uma bola de fogo iluminou o céu sobre Rafah, após um ataque aéreo a esta cidade no extremo sul de Gaza, onde se encontram concentrados 1,5 milhões de palestinianos, na sua maioria deslocados devido aos confrontos que se arrastam há meses entre o exército israelita e o movimento islamita Hamas.
Os combates prosseguem dois dias depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado a sua primeira resolução, apelando a um "cessar-fogo imediato" e à libertação dos cerca de 130 reféns que, segundo Israel, permanecem em Gaza, incluindo 34 presumivelmente mortos.
Na madrugada desta quarta-feira, o Ministério da Saúde do Hamas informou que três palestinianos foram mortos e 12 ficaram feridos em ataques aéreos israelitas durante a noite em Rafah.
O Hamas apelou aos países estrangeiros para que ponham termo a estas operações e pediu a abertura do acesso terrestre à ajuda humanitária, que é estritamente controlada por Israel.
A ajuda, que é insuficiente para satisfazer as imensas necessidades dos 2,4 milhões de habitantes, chega principalmente do Egito através de Rafah, mas está a ter dificuldades em chegar ao norte do território, onde crianças morreram de subnutrição e os residentes se viram obrigados a assistir à descida dos para-quedas e a correr para agarrar a ajuda assim que esta aterra.
Em Khan Younis, as forças israelitas cercaram dois hospitais onde, segundo o Ministério da Saúde, 12 pessoas, incluindo algumas crianças morreram durante um ataque.
"O encerramento forçado do hospital de al-Amal, uma das poucas instalações médicas que restam no sul, tem implicações de grande alcance, pondo em risco inúmeras vidas", denunciou a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), descrevendo o estado do sistema de saúde no norte do território como "catastrófico" após mais de cinco meses de guerra.Hezbollah bombardeia Israel
O Hezbollah libanês afirmou ter lançado dezenas de foguetes contra Kiryat Shmona, uma cidade israelita situada acima da fronteira, na madrugada de quarta-feira, em resposta aos mortíferos ataques israelitas contra a aldeia de Habariyeh, no sul do Líbano, no dia anterior.
Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irão, têm trocado tiros através da fronteira desde que a guerra entre Israel e o Hamas eclodiu em Gaza, na maior escalada entre os velhos inimigos desde um conflito de um mês em 2006.
Apesar de Israel e o Líbano afirmaram que não pretendem uma guerra total e que estão abertos a um processo diplomático, os ataques aumentaram esta semana após uma pausa nos bombardeamentos transfronteiriços.
Os serviços de emergência israelitas afirmaram que, na quarta-feira, um ataque com rockets matou um trabalhador de uma fábrica em Kiryat Shmona, na sequência de sinais de alerta na zona.
Segundo os paramédicos do serviço de ambulâncias MDA, o homem foi retirado dos destroços da fábrica com ferimentos graves e foi declarado morto no local.
Pelo menos sete pessoas foram mortas nos ataques israelitas a Habariyeh, disseram fontes de segurança libanesas à Reuters. Os ataques israelitas pareciam ter como alvo o centro de emergência e assistência do grupo islamita na aldeia.
Em retaliação, o Hezbollah libanês anunciou esta quarta-feira que tinha disparado uma série de foguetes contra o norte de Israel.
Um grupo islamista libanês, Jamaa Islamiya, já tinha denunciado a morte de sete "socorristas" mortos num ataque israelita em Habariyeh, perto da fronteira com Israel, denunciando um "crime hediondo".
"Em represália ao massacre cometido pelo inimigo sionista na aldeia de Habariyeh (...)", o Hezbollah disparou "dezenas de foguetes contra Kiryat Shmona", declarou o movimento islamita em comunicado.
Um responsável do Jamaa Islamiya avançou à AFP, sob condição de anonimato, que as "sete equipas de socorristas" tinham sido mortas quando se encontravam num centro de emergência em Habariyeh.Vários grupos no Líbano, incluindo o Jamaa Islamiya, gerem centros de saúde e operações de resposta a emergências.
Por seu lado, o exército israelita declarou que os "caças tinham como alvo um complexo militar" onde "um importante terrorista preparava ataques contra o território israelita".
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, o Hezbollah e outros grupos aliados do movimento islamita palestiniano têm trocado tiros com as forças israelitas ao longo da fronteira sul do Líbano quase diariamente.
Israel retalia bombardeando cada vez mais o território libanês e efetuando ataques dirigidos contra oficiais do Hezbollah e do Hamas.
A Jamaa Islamiya tem um braço armado, as Forças Al-Fajr, que reivindicou a autoria de ataques contra Israel desde o início da violência. Em quase seis meses, pelo menos 338 pessoas foram mortas no Líbano - na sua maioria combatentes do Hezbollah, mas também pelo menos 57 civis - nestas trocas de tiros, segundo a AFP.
A violência junto à fronteira provocou também a deslocação de milhares de pessoas no sul do Líbano, bem como no norte de Israel, onde, segundo o exército, foram mortos dez soldados e sete civis.
c/ agências
