T. Rex caminhava a uma velocidade próxima à dos humanos

por Carla Quirino - RTP
Tiranossauro Rex - Trix | Philippe Wojazer - Reuters

Paleontólogos holandeses lançaram um estudo que estima a passada do famoso predador. Destacam o balanço da cauda como contrapeso para empurrar ritmicamente o corpo. O Tiranossauro Rex caminharia a uma velocidade de 4,6 quilómetros hora, quando não tinha pressa.

A investigação foi desenvolvida a partir de um modelo digital tridimensional do esqueleto da Trix, uma fêmea adulta da espécie com cerca de 12 metros de comprimento. O fóssil foi escavado em 2013 no Estados Unidos e tornou-se num dos esqueletos mais completos de Tiranossauro Rex com 66 milhões de anos.

Todos os animais que caminham têm uma passada favorita. Os humanos, por exemplo, economizam energia quando andam numa cadência regular com os braços a acompanhar o corpo num movimento rítmico.

Os investigadores holandeses tentaram chegar a essa velocidade padrão do T. Rex.

Numa publicação no Twitter, Pasha van Bijlert, principal autor do estudo de biomecânica, da Universidade Livre de Amsterdão (Vrije Universiteit), explica que estão a desenvolver um método para estimar a velocidade preferida que o T-Rex caminhava. "Afinal não seria assim tão rápido".

Esta espécie de terópode carnívoro, que poderia atingir entre seis a nove toneladas, tinha as patas dianteiras muito curtas enquanto que as patas traseiras podiam chegar aos quatro metros de altura até aos quadris.

A cauda, em média, pesava mil quilos e era composta por vértebras e ligamentos flexíveis que permitiam armazenar e libertar energia, quando oscilava.

A distribuição de peso por diferentes partes do corpo está relacionada com o ritmo de caminhada através de uma oscilação regular que torna mais fácil a locomoção.

Este estudo é o primeiro a incluir a dinâmica da cauda na equação da locomoção.

"Quando a batida da cauda atinge a ressonância, ou seja, consegue mais movimento com o mínimo esforço, podemos falar de uma frequência natural: neste caso, seria a do animal quando anda devagar", diz Pasha Van Bijlert. 

Acrescenta que "o balanço da cauda graças aos ligamentos serviu de contrapeso. É comparável à suspensão de uma ponte e produz parte da força necessária para empurrar ritmicamente o corpo para a frente sobre duas pernas. A velocidade do passo tinha que corresponder à frequência natural com que a cauda sobe e desce."

Os investigadores associaram as distâncias entre pegadas dos rastos fossilizados, recalcularam para o tamanho da Trix e concluíram que cada passada teria cerca de 1,94 metros.

Combinando os valores da passada e o efeito do balanço da caula estimaram a velocidade de 4,6 quilómetros por hora, velocidade próxima da caminhada humana.

A interpretação proposta assenta num ritmo lento e é "semelhante ao de outros animais vivos, com duas e quatro patas, como elefantes ou avestruzes", sublinha Van Bijlert.

A publicação da equipa holandesa teve eco da comunidade científiva. Um dos comentários é assinado por John Hutchinson, professor de Biomecânica Evolutiva do Royal Veterinary College de Londres, que afirma que o papel da cauda foi negligenciado em investigações sobre a locomoção da espécie do Cretácio.
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