Tailândia afirma que eleições em Myanmar não vão ser livres nem credíveis

O chefe da diplomacia da Tailândia afirmou que as eleições marcadas para o final de dezembro em Myanmar (antiga Birmânia) não vão ser livres nem credíveis, apelando ainda à libertação de Aung San Suu Kyi.

Lusa /
Manan Vatsyayana - AFP

"Queremos que sejam livres e credíveis, mas sabemos que não será o caso", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, na terça-feira à noite, aos jornalistas.

"Penso que não poderemos reconhecer estas eleições", alertou Sihasak Phuangketkeow.

No entanto, acrescentou o ministro, as eleições organizadas pela junta militar, no próximo mês, podem servir de trampolim para as reformas em Myanmar.

Sihasak Phuangketkeow recordou que o general Thein Sein foi eleito Presidente numa eleição que considerou "imperfeita", em 2010, tendo posteriormente libertado a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, cujo partido, a Liga Nacional para a Democracia, venceu as eleições seguintes.

"Talvez uma eleição imperfeita também possa ser uma boa oportunidade para trazer o país de volta à estabilidade e à democracia", acrescentou Sihasak Phuangketkeow.

Diplomata de carreira e antigo embaixador tailandês em França, o responsável instou ainda as autoridades birmanesas a libertarem Aung San Suu Kyi, de 80 anos, que está "detida há muito tempo".

Os militares tomaram o poder em Myanmar num golpe de Estado em 2021, desencadeando uma guerra civil, mas apresentam as eleições, que começam a 28 de dezembro, como um passo em direção à reconciliação.

Grupos rebeldes anunciaram que vão boicotar a votação nos grandes enclaves que controlam, enquanto defensores dos direitos humanos denunciaram restrições na campanha em zonas controladas pela junta.

A Liga Nacional para a Democracia, que conquistou 82% dos lugares parlamentares em disputa nas últimas eleições em 2020, não vai participar, uma vez que foi dissolvida pelo regime militar.

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