Tailândia encerra fronteira com Camboja na sequência de disputa territorial

O exército tailandês fechou hoje todos os pontos de passagem da fronteira terrestre com o Camboja, incluindo para turistas estrangeiros, na sequência da escalada da disputa territorial que já matou um soldado cambojano.

Lusa /
Reuters

A partir de hoje, e por tempo indeterminado, os postos fronteiriços das sete províncias tailandesas que partilham fronteira com o país vizinho proíbem o acesso e a saída de todos os veículos, turistas e comerciantes, embora contemplem exceções para viagens humanitárias e estudantes.

As restrições "coincidem com a atual situação de segurança, em particular para fazer face ao conflito nas áreas entre a Tailândia e o Camboja, que continua a escalar política, diplomática e militarmente", refere o comunicado emitido na segunda-feira à noite pelos militares tailandeses.

Trata-se de um novo episódio na escalada de tensões entre os países vizinhos, que eclodiu a 28 de maio, quando os exércitos tailandês e cambojano se defrontaram numa zona fronteiriça não demarcada e reivindicada pelos dois governos, num breve confronto durante o qual foi morto um soldado cambojano.

O exército tailandês também afirmou, na segunda-feira à noite, que a medida de segurança ajuda a combater os centros de burla `online`, que operam no Camboja.

No mesmo dia, a primeira-ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, ordenou o reforço do controlo do fornecimento transfronteiriço de bens essenciais, incluindo eletricidade e combustível, a zonas suspeitas de albergarem centros de burla.

A primeira-ministra, filha do influente ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, está a ser criticada pela forma como tem lidado com o conflito com o Camboja, especialmente após a divulgação de uma conversa telefónica com o antigo líder cambojano e atual presidente do Senado, Hun Sen, na semana passada.

No áudio, divulgado pelo veterano político cambojano, a líder tailandesa refere-se respeitosamente a Hun Sen, que é próximo do clã Shinawatra, como "tio" e critica um comandante do poderoso exército tailandês estacionado na fronteira.

O principal parceiro de coligação de Shinawatra - o partido conservador Bhumjaithai - anunciou a saída do Governo na sequência da fuga de informação e no meio de apelos da oposição para a demissão da dirigente e para a organização de novas eleições.

Enquanto Banguecoque procura resolver a questão bilateralmente, o Camboja levou o litígio ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) a 15 de junho.

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