Tailândia fecha fronteira com Camboja após confrontos militares

A Tailândia lançou esta quinta-feira ataques aéreos contra alvos militares no Camboja, após confrontos entre as Forças Armadas dos dois países. O conflito provocou pelo menos 12 mortos do lado tailandês. Na sequência dos ataques, Banguecoque fechou a sua fronteira com o Camboja, depois de ter ordenado a todos os seus cidadãos que saíssem do país.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Narong Sangnak - EPA

O conflito entre Tailândia e Camboja escalou esta quinta-feira, depois de um caça F-16 tailandês ter bombardeado dois alvos militares no Camboja.

"Os F-16 lançaram ataques! Postos militares cambojanos das 8.ª e 9.ª divisões [comandos das forças especiais] foram destruídos", afirmou a divisão Segunda Região do exército tailandês, destacada no nordeste, numa publicação na rede social Facebook.

"Usámos o poder aéreo contra alvos militares, como planeado", disse o porta-voz adjunto do exército tailandês, Richa Suksuwanon, aos jornalistas.

Ambos os exércitos acusam-se mutuamente de disparar primeiro.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia afirmou que as tropas cambojanas dispararam "artilharia pesada" contra uma base militar tailandesa na manhã desta quinta-feira e também atingiram áreas civis, incluindo um hospital. Segundo o Ministério da Saúde tailandês, o ataque matou pelo menos onze civis, incluindo uma criança de oito anos, e um soldado.

Por sua vez, a porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, Maly Socheata, acusou o exército tailandês de "violar a integridade territorial do Camboja ao lançar um ataque armado contra as forças cambojanas".

"As Forças Armadas cambojanas exerceram o seu direito à legítima defesa, em total conformidade com o direito internacional, para repelir a incursão tailandesa", afirmou.

Entretanto, a Tailândia encerrou totalmente a sua fronteira com o Camboja, depois de a Embaixada da Tailândia no Camboja ter solicitado aos cidadãos tailandeses que abandonem o país.

Conflito centenário
A violência marca a mais recente escalada de um conflito que remonta a mais de um século, quando as duas nações do sudeste asiático traçaram a sua fronteira após o fim da ocupação francesa do Camboja.

Embora em 2013 o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão jurisdicional da ONU, tenha atribuído ao Camboja a zona contestada abaixo do templo Preah Vihear, o traçado de outras zonas continua a opor Banguecoque e Phnom Penh.  

As tensões mais recentes aumentaram em maio, depois de um soldado cambojano ter sido morto num confronto.

Os confrontos desta quinta-feira ocorreram depois de a Tailândia ter convocado o seu embaixador no Camboja na noite de quarta-feira e anunciado que iria expulsar o enviado do Camboja em Banguecoque, depois de um segundo soldado tailandês, no espaço de uma semana, ter perdido um membro numa mina terrestre que Banguecoque alegou ter sido recentemente colocada na área disputada.

Entretanto, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

"Considerando as recentes agressões extremamente graves da Tailândia, que ameaçaram gravemente a paz e a estabilidade na região, peço sinceramente que convoque uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para pôr fim à agressão da Tailândia", escreveu Hun Manet numa carta dirigida ao presidente do Conselho de Segurança, Asim Iftikhar Ahmad.

c/ agências
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