Tailândia quer que Camboja seja o primeiro a assumir uma trégua
A Tailândia declarou hoje que tem de ser o Camboja a assumir um cessar-fogo entre ambos, num conflito fronteiriço que já fez pelo menos 32 mortos em 10 dias e cerca de 800 mil deslocados.
"O Camboja deve anunciar o cessar-fogo primeiro, por ser o agressor em território tailandês", afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros tailandesa, Maratee Nalita Andamo, em conferência de imprensa.
Aquela responsável governamental frisou que, "em segundo lugar, o cessar-fogo deve ser implementado e deve ser mantido".
"Em terceiro lugar, o Camboja deve cooperar sinceramente com os esforços de desminagem (nas áreas de fronteira)", acrescentou.
De acordo com os últimos números oficiais, 17 pessoas foram mortas do lado tailandês (16 soldados e um civil) e 15 do lado cambojano, todos civis.
O Camboja acusou na segunda-feira a Tailândia de bombardear a província de Siem Reap, onde estão localizados os célebres templos de Angkor, pela primeira vez desde o reinício dos confrontos fronteiriços em 07 de dezembro.
"O exército tailandês ampliou o alcance do seu violento ataque, utilizando um caça F-16 para lançar duas bombas perto de um campo de civis deslocados no distrito de Srei Snam", indicou o Ministério da Defesa do Camboja em comunicado.
A Tailândia confirmou que os combates continuavam hoje nas regiões fronteiriças, sem mencionar, porém, a província de Siem Reap.
O distrito de Srei Snam fica a cerca de 70 quilómetros da fronteira disputada e a menos de uma hora e meia de carro do complexo de Angkor Wat, joia da arquitetura khmer e principal atração turística do Camboja.
Os dois países acusam-se mutuamente de terem desencadeado as hostilidades, que levaram à retirada de cerca de 800 mil pessoas de ambos os lados da fronteira.
Um primeiro episódio de violência causou 43 mortes em julho, antes de uma trégua e da assinatura de um acordo de cessar-fogo em outubro, que teve a intervenção do presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.
Trump afirmou na sexta-feira que os líderes da Tailândia e do Camboja aceitaram uma trégua após um telefonema, mas o Governo tailandês negou e os combates continuaram durante o fim de semana.