Taipé diz que se está a "preparar para a guerra sem procurar a guerra"

por RTP
A tensão sobe em Taiwan David Chang - EPA

As Forças Armadas de Taiwan disseram esta quinta-feira estar a "preparar-se para a guerra sem procurar a guerra", momentos depois de a China ter iniciado as maiores manobras militares da história em torno da ilha. Os exercícios incluíram, até agora, o lançamento de mísseis balísticos, disparos nas águas e no espaço aéreo e o envio de drones. Taipé promete reagir adequadamente à "situação inimiga".

"O Ministério da Defesa Nacional sublinha que respeitará o princípio de se preparar para a guerra sem procurar a guerra", informou Taipé em comunicado.

A China iniciou esta quinta-feira exercícios militares, que incluem fogo real, nas imediações de Taiwan, noticiou a televisão estatal chinesa CCTV. As manobras surgem em resposta à visita da congressista norte-americana Nancy Pelosi a Taiwan, vista por Pequim como uma grave provocação.

Para se proteger, Taiwan anunciou que as suas forças militares vão continuar em nível de alerta e que irão reagir adequadamente à “situação inimiga”. O Ministério da Defesa garantiu ainda que as tropas do país continuam a treinar diariamente, como é habitual, e que estão a monitorizar a zona do Estreito de Taiwan e das ilhas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan disse, por sua vez, que serão fortalecidas as capacidades de defesa e que vai ser aumentada a coordenação com países como os Estados Unidos. O site do Ministério da Defesa de Taiwan foi alvo de ciberataques esta madrugada e disse estar a trabalhar com as autoridades para aumentar a cibersegurança, numa altura em que aumentam as tensões com a China.

Para além dos constatados exercícios militares de Pequim, Taipé disse ainda ter identificado objetos voadores, provavelmente drones, a sobrevoar a área das ilhas de Kinmen, que pertencem a Taiwan mas ficam perto da costa chinesa. Segundo o Ministério da Defesa, foram lançados sinalizadores para afastar os alegados drones.

“Disparámos imediatamente sinalizadores como forma de aviso e para os afastar. Depois disso, [os drones] foram-se embora. Eles entraram na nossa área restrita e foi por isso que os dispersámos”, explicou o general Chang Zone-sung à agência Reuters.

Horas depois, Taiwan disse ter avistado vários mísseis balísticos lançados pela China, dois deles perto das ilhas de Matsu. O Ministério da Defesa do país condenou já “as ações irracionais” de Pequim para “destruir a paz regional”.

O Exército de Libertação Popular da China confirmou entretanto a realização de exercícios militares na região, incluindo disparos nas águas e espaço aéreo em redor da ilha, de acordo com a televisão estatal chinesa.
“Maníaca, irresponsável e altamente irracional”
Nancy Pelosi, líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos, foi a mais importante responsável norte-americana a visitar Taiwan em 25 anos. O Governo chinês respondeu, nos últimos dias, com sanções económicas ao país e com exercícios militares.

Washington, que promete continuar do lado de Taipé, tem um porta-aviões e outro equipamento naval na região.

Pequim reclama a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província separatista desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para a ilha, em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas.

A China já avisou os EUA que as disputas com a ilha são um assunto interno e insiste que tem o direito de reclamar Taiwan à força. “O nosso castigo para as forças independentistas pró-Taiwan é razoável e legal”, declarou o Governo chinês esta quinta-feira.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, apelidou a visita de Nancy Pelosi a Taiwan de “maníaca, irresponsável e altamente irracional”, frisando que Pequim nunca permitirá que os seus interesses sejam afetados.

c/ agências
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