Taiwan acusa Pequim de cooperar com máfias locais para recrutar agentes na ilha

A agência de notícias estatal taiwanesa CNA noticiou hoje que o Partido Comunista Chinês (PCC) colabora com grupos criminosos para recrutar "agentes internos" em Taiwan, dando conta de um número crescente de casos de "infiltração" de Pequim.

Lusa /
Ritchie B. Tongo - EPA

De acordo com um relatório do Gabinete de Segurança Nacional (NSB) citado pela CNA, a China está a recrutar membros de grupos de crime organizado taiwaneses, utilizando empréstimos que não precisam de ser reembolsados como incentivo, para identificar "militares economicamente desfavorecidos" e recolher informações sensíveis.

"Além disso, os membros são obrigados, em caso de invasão armada de Taiwan pelo PCC, a arvorar a bandeira de cinco estrelas [a bandeira da República Popular da China] e a cooperar no lançamento de ações de sabotagem e conspiração", lê-se no documento citado pela CNA.

A cooperação com grupos mafiosos faz parte dos métodos de infiltração "cada vez mais diversificados e abrangentes" do PCC em Taiwan, que incluem também a abertura de casas de câmbio clandestinas "para induzir a traição" e a utilização de templos religiosos para "aliciar os militares e obter informações confidenciais", segundo o relatório do NSB.

Pequim utiliza também plataformas como o Facebook, Line e LinkedIn para contactar militares "com necessidades económicas urgentes" e recorre a táticas de "ocultação de identidade" para abordar funcionários e representantes públicos na ilha, referiu o mesmo documento.

Desde 2020, o número de pessoas processadas em Taiwan por espionagem em nome da China chegou a 159, de acordo com estatísticas do NSB, que observou que o principal método de infiltração envolve o recrutamento de militares em serviço por veteranos reformados.

O relatório surge um mês e meio depois de o líder de Taiwan, William Lai, rotulado de "independentista" e "agitador" pelas autoridades de Pequim, ter anunciado um pacote de medidas para contrariar as operações de "infiltração" da China na ilha.

Taiwan é governada autonomamente desde 1949 sob o nome de República da China e possui Forças Armadas e um sistema político, económico e social diferente do da República Popular da China, destacando-se como uma das democracias mais avançadas da Ásia.

No entanto, Pequim considera a ilha uma "parte inalienável" de território chinês e, nos últimos anos, intensificou a campanha de pressão contra Taiwan, a fim de conseguir a "reunificação nacional", que é fundamental para o objetivo a longo prazo do Presidente chinês, Xi Jinping, de "rejuvenescer" a nação chinesa.

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