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Taiwan vai cortar pensões a generais pró China
O governo de Taiwan vai cortar a pensão e as regalias aos militares reformados que se mudem para a China continental numa tentativa de travar a transmissão de informação classificada às autoridades de Pequim. A revelação foi feita à RTP, em Taipé, pelo vice-presidente do Instituto de Investigação de Política Nacional.
Yujen Kuo conta que muitos generais aposentados das Forças Armadas taiwanesas vão viver para a República Popular da China sem autorização e "até cantam o hino”. Como tal, para evitar que esta situação continue, o que constitui um risco para a segurança da ilha, o executivo está a preparar legislação para cortar a pensão a esses militares e para lhes retirar todos os benefícios sociais que possuem.
Yujen Kuo - vice-presidente do Instituto de Investigação de Política Nacional
Como também é professor na Academia Militar, Yujen Kuo lança um outro alerta sobre a forma como o ensino militar está a ser ministrado pois os conteúdos são os mesmos ensinados na China continental.
A consequência, segundo este investigador, é que os jovens taiwaneses entram com 18 anos na Academia e, depois de receberem toda uma formação ideológica de identidade chinesa, "quatro anos depois, tornam-se soldados chineses”.
Este investigador avisa para o risco que isto constitui nas fileiras militares porque bastam 5% com dúvidas e crises identitárias para colocarem em risco toda a defesa territorial da ilha.
Apesar das constantes manobras militares realizadas pelas Forças Armadas chinesas nas proximidades de Taiwan, a estratégia de longo prazo para a reunificação pode passar mais pela conquista das mentes dos jovens soldados do que propriamente por uma invasão pela força das armas.

Yang Zhao - Historiador
Na prática, os governos de ambos os lados funcionam autonomamente e é por isso que Pequim nunca teve a soberania sobre Taiwan, onde existe um regime democrático ao estilo ocidental.Pequim ameaça, mas evita combate fratricida
Perante este contexto, Pequim considera os taiwaneses como chineses e persiste no desejo da reunificação. E é por essa razão que o historiador Yang Zhao não acredita numa invasão militar pois isso seria um conflito fratricida.
“Se houvesse um movimento militar, seria de chineses contra chineses e isso coloca sempre preocupação no governo chinês, é difícil para eles”, declara à RTP.
Zhao admite que a situaçao é “muito confusa” já que Taiwan funciona como um país independente, mas não o é internacionalmente.
Taiwan só tem relações diplomáticas formais com 11 dos 193 Estados membros das Nações Unidas e com a Santa Sé. Além disso, mantém relações não oficiais com 59 Estados membros da ONU, um Estado autodeclarado e a União Europeia. Portugal não reconhece Taiwan como país.
Questionado sobre qual seria a melhor solução para dirimir o conflito, Yang Zhao defende que “o status quo é a melhor solução" porque apesar de ser “vaga, vai funcionando”. Mas sugere que talvez uma confederação pudesse ser o caminho porque não implicava nem a independência nem a reunificação.
Kuo qualifica a situação como “muito má" e não tem dúvida que estes
militares de alta patente fazem espionagem. São uma espécie de cavalos
de tróia para tentar minar a democracia taiwanesa por dentro. E realça
que estas infiltrações “dão a Pequim a sensação que pode dominar”.
Infiltrar as mentes dos jovens militaresComo também é professor na Academia Militar, Yujen Kuo lança um outro alerta sobre a forma como o ensino militar está a ser ministrado pois os conteúdos são os mesmos ensinados na China continental.
A consequência, segundo este investigador, é que os jovens taiwaneses entram com 18 anos na Academia e, depois de receberem toda uma formação ideológica de identidade chinesa, "quatro anos depois, tornam-se soldados chineses”.
Este investigador avisa para o risco que isto constitui nas fileiras militares porque bastam 5% com dúvidas e crises identitárias para colocarem em risco toda a defesa territorial da ilha.
Apesar das constantes manobras militares realizadas pelas Forças Armadas chinesas nas proximidades de Taiwan, a estratégia de longo prazo para a reunificação pode passar mais pela conquista das mentes dos jovens soldados do que propriamente por uma invasão pela força das armas.
A raiz da situação da ilha a que os portugueses chamaram Formosa remonta a 1949 quando Chiang Kai-shek, o então líder da República da China (conhecida pela sigla inglesa ROC – Republic of China), perde a guerra civil com o Partido Comunista Chinês (PCC) e foge para a ilha de Taiwan com mais de um milhão de habitantes, instalando aí o governo da República da China.
Enquanto isso, no território continental, o PCC funda a República Popular da China, que em 1971 é reconhecida internacionalmente como a única China, um processo que culmina com a expulsão da República da China de membro das Nações Unidas, ainda que tenha sido um membro fundador, como consta no artigo 110 da Carta da ONU.
O quadro é tão caricato, que o artigo 23 ainda refere que um dos membros do Conselho de Segurança é a República da China e não a República Popular da China.
Perante este contexto, Pequim considera os taiwaneses como chineses e persiste no desejo da reunificação. E é por essa razão que o historiador Yang Zhao não acredita numa invasão militar pois isso seria um conflito fratricida.
“Se houvesse um movimento militar, seria de chineses contra chineses e isso coloca sempre preocupação no governo chinês, é difícil para eles”, declara à RTP.
Zhao admite que a situaçao é “muito confusa” já que Taiwan funciona como um país independente, mas não o é internacionalmente.
Taiwan só tem relações diplomáticas formais com 11 dos 193 Estados membros das Nações Unidas e com a Santa Sé. Além disso, mantém relações não oficiais com 59 Estados membros da ONU, um Estado autodeclarado e a União Europeia. Portugal não reconhece Taiwan como país.
Questionado sobre qual seria a melhor solução para dirimir o conflito, Yang Zhao defende que “o status quo é a melhor solução" porque apesar de ser “vaga, vai funcionando”. Mas sugere que talvez uma confederação pudesse ser o caminho porque não implicava nem a independência nem a reunificação.