Tanques turcos entram em território sírio para atacar Estado Islâmico

por RTP
Os tanques do exército turco rumaram à localidade de Jarablus Sedat Suna - EPA

Uma dezena de tanques do exército turco fez esta quarta-feira uma incursão na Síria, rumando à localidade fronteiriça de Jarablus, onde se encontram posicionados combatentes do Estado Islâmico. Estas movimentações terrestres estão a ser apoiadas por aviões da coligação liderada pelos Estados Unidos. Além do Daesh, as forças da Turquia planeiam atacar rebeldes curdos.

O objetivo é “pôr termo” aos problemas na fronteira entre a Turquia e a Síria – o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, resumiu assim os planos das forças terrestres que invadiram nas últimas horas o território do país vizinho.

Há dois alvos na mira dos militares turcos: os jihadistas do Estado Islâmico e combatentes curdos.As autoridades turcas evacuaram Karkamis,uma cidade junto à fronteira, bem como outras seis vilas, por precaução.

“A partir das 4h00 [1h00 em Lisboa], as nossas forças lançaram uma operação contra os grupos terroristas do Daesh e do PYD [Partido da União Democrática, uma formação curda]”, declarou Erdogan em Ancara.

O presidente turco diz querer por um fim aos ataques frequentes na fronteira com a Síria. “A Síria é a principal razão pela qual a Turquia sofre com o terrorismo”, diz Erdogan.

A operação com o nome "Escudo do Eufrates" tem como objectivo principal limpar o último bastião do Estado Islâmico junto à fronteira, a cidade de Jarablus.

A ofensiva também serve para conter as milícias curdas e impedir que os jihadistas atravessem o Eufrates e entrem em território turco.

O ministro turco do Interior Efkan Ala diz esperar que a ofensiva termine rapidamente, com a eliminação pronta da ameaça do Estado Islâmico. Na segunda-feira, a Turquia tinha prometido "limpar completamente" da fronteira os militantes do Estado Islâmico, depois de um ataque suicida num casamento ter provocado a morte a 54 pessoas, em Gaziantep, uma cidade junto à fronteira.

"A Turquia está sob ataque do Estado Islâmico na fronteira e o bombardeamento de Gaziantep é prova disso mesmo", realça o ministro do Interior.
Turquia ameça fazer "o que for necessário"
O ministro turco dos Negócios Estrangeiros diz que os combatentes curdos têm de regressar para o leste do Eufrates. Caso contrário, Mevlut Cavusoglu ameaça que a Turquia “irá fazer aquilo que for necessário”.

O exército turco, suportado pelas forças da coligação internacional liderada pelos Estados unidos lançou o ataque por via terrestre e aérea.

O presidente turco Erdogan deixou um aviso em Ancara: os países que apoiam o terror "seguram uma granada nas mãos, que vai explodir".

De acordo com informações das Forças Armadas Turcas, nas primeiras horas da ofensiva, foram neutralizados 12 pontos onde estavam forças do Estado Islâmico.

A meio da manhã desta quarta-feira, chegava a informação na televisão estatal turca de que os turcos já tinham avançado três quilómetros para o interior do território sírio e tinha atingido uma vila nos arredores de Jarablus, Keklija.

A agência de notícias Dogan referia ao fim da manhã desta quarta-feira, que rebeldes sírios já tinham controlado quatro vilas no norte da Síria, como parte de uma ofensiva coordenada com as forças turcas. A agência, citando fontes militares relata ainda que 46 militantes do Estado Islâmico foram já mortos na operação.
Governo sírio condena incursão turca
O ministro sírio dos Negócios Estrangeiros condenou a incursão militar da Turquia contra o Estado Islâmico na cidade síria perto da fronteira, classificando-a como uma violação da sua soberania, de acordo com informações transmitidas na televisão estatal síria.

O ministro acrescentou que qualquer operação contra o terrorismo no seu território tem de ser conduzida em coordenação com Damasco e acusou Ancara de lançar uma incursão para substituir o Estado Islâmico por “outros grupos terroristas”, numa referência aos rebeldes, diz a Reuters.
 
A mesma crítica surgiu também pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, considerando que é uma “violação flagrante” da soberania do país. Uma posição transmitida num comunicado do ministério.
“Agressão flagrante”
Os curdos sírios da milícia YPG já reagiram à ofensiva turca. Redur Xelil, o porta-voz do YPG considerou a intervenção turca uma “flagrante agressão nos assuntos internos sírios”.

Quanto à exigência de recuar para leste do Eufrates, Xelil diz que isso apenas pode ser respondido pelas Forças Democráticas da Síra, uma coligação contra o Estado Islâmico apoiada pelos Estados Unidos, em que o grupo curdo é maioritário.


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