Tecnologia. O que o ano de 2025 pode oferecer

A tecnologia está a evoluir a um ritmo cada vez mais rápido e esta perceção remete para a Lei de Moore cunhada em 1970, segundo a qual a velocidade ou a capacidade de processamento de computadores dobra a cada dois anos. Ora se esta premissa continuar ao ritmo que se teoriza não será de estranhar que, em breve, possamos pensar numa eventual exploração mineira da Lua, ou em robôs humanoides a servirem propósitos quotidianos.

Ideias e conceitos que os especialistas da DE-CIX, Ivo Ivanov (CEO) e Thomas King (coordenador tecnológico), compilaram. Estes peritos avaliaram algumas das tendências mais entusiasmantes, bem como a interação essencial com a tecnologia de comunicação.

No ano em que a DE-CIX festeja o 30.º aniversário, os dois investigadores enunciaram cinco tendências que irão moldar o mundo dos atuais negócios à evolução da tecnologia e aos negócios de interligação em 2025.Tendência 1. Economias inteligentes

Não há criação de valor inteligente sem redes inteligentes. E com o 6G tudo será 100 vezes mais rápido.

De acordo com a International Data Corporation ( IDC), 80 por cento dos administradores e gestores de empresas, em todo o mundo, estudam a adoção do uso da inteligência artificial (IA) e a automação para impulsionar, ao longo dos próximos anos, negócios baseados em insights e agilidade.


À medida que a IA se torna o coração de modelos de negócio inteligentes à escala global, ela exige também infraestruturas e redes de Tecnologias de Informação (TI) igualmente inteligentes, que sejam tão ágeis e escaláveis autonomamente como os sistemas, processos e fluxos de trabalho autogeridos numa economia global conectada.

“Os padrões, as arquiteturas abertas e as Interfaces de programação (APIs), irão tornar a rede do futuro interoperável e inteligente”, afirma Thomas King, CTO da DE-CIX.

Com o 5G advanced previsto para disponibilização global em 2025, o palco está a ser preparado para a próxima geração de conectividade móvel.


“O 6G será até 100 vezes mais rápido do que o 5G e também irá integrar IA para proteger, gerir e controlar redes. Este nível de inteligência será necessário em todas as tecnologias de conectividade para gerir futuros fluxos de dados baseados em IA”, continua Thomas King. “A criação de valor inteligente exige tecnologias igualmente inteligentes. A IA suporta não só uma gestão de rede mais inteligente, mas também a excelência operacional em todas as áreas do setor das telecomunicações”, afirma Ivo Ivanov. “Desde a otimização de redes à eficiência energética, à deteção de fraudes e o serviço ao cliente, as soluções inteligentes podem melhorar cada processo empresarial”.Tendência 2. A corrida espacial da Internet está a aquecer
Os satélites de órbita terrestre baixa (LEO) que se localizam em órbitas entre os 350 e os 1.400 quilómetros, irão em breve, proporcionar à humanidade uma conectividade ubíqua, em todo o lado.

Esta conetividade será até baseada nos padrões convencionais de comunicação móvel e, por isso, poderá ser utilizada com qualquer smartphone convencional.


Isto permitirá não só eliminar pontos mortos em modelos de negócio conetados, como também garantir ligações de alta velocidade e baixa latência no oceano ou, pela primeira vez, em cada lugar de um meio aéreo – além de permitir ligações, onde antes, tal não era possível.

“A tecnologia de transmissão por satélite oferece uma nova esperança do espaço a milhares de milhões de pessoas que estão hoje em desvantagem devido ao acesso limitado ou inexistente à Internet”, afirma Ivo Ivanov.

“É por isso que em 2025 iremos ver a corrida espacial da Internet aquecer”, acrescenta Thomas King. “Uma corrida que só os Internet Exchange podem permitir, através da troca de pacotes de dados com latência mínima em todas as plataformas interligadas”. As empresas de exploração espacial estão agora também de olho no potencial multibilionário da mineração de recursos em asteróides e na lua para aceder, por exemplo, ao Hélio-3 para aplicações de computação quântica. “Sem poder de computação e conectividade no espaço e na superfície lunar, nada disto será possível”, afirma Ivo Ivanov.


Uma opinião apoiada pelos números do Fórum Económico Mundial e da McKinsey: ambos estimam que a economia espacial global valerá 1,3 mil milhões de dólares até 2035, face aos 630 mil milhões de dólares em 2023.
Tendência 3. Os carros autónomos tornam-se populares
Já circulam um pouco por todo o mundo muitos veículos equipados com tecnologias que permitem uma condução autónoma. Uma tendência cada vez maior, com os primeiros robotaxis a utilizarem sistemas de condução autónoma de nível 4 (altamente automatizados, mas com a opção de controlo humano) já em uso em várias cidades dos EUA.


Uma funcionalidade que está a dar os "primeiros passos", mas já há quem não tenha receios de lançar no mercado sistemas de condução autónoma de nível 3 (condução altamente automatizada que permite ao condutor tirar os olhos da estrada e envolver-se em atividades secundárias), com natural evolução para o próximo nível (4) em vários países já este ano.

Veículos que vão depender de uma excelente conectividade sem fios – tanto móvel como via satélite – para manter os automóveis e os seus passageiros em segurança e fornecer-lhes dados quase em tempo real. E as redes terrestres (6G) em combinação com sistemas via satélite, servem este propósito.


Tanto é verdade que os fabricantes de automóveis estão mesmo a começar a construir as suas próprias constelações de satélites LEO como parte das suas redes globais. “Estas redes precisam de uma interligação perfeita a IA clouds bem como a redes de conteúdos e aplicações relevantes, com menor latência”, afirma Ivo Ivanov.

Para facilitar a utilização da IA em vários setores, a DE-CIX introduziu em 2024 – como primeiro operador no mundo – o conceito de AI Exchange para uma conectividade robusta e resiliente a fornecedores de IA clouds e IA como serviço. “Trata-se de desempenho, segurança, conformidade e simplicidade”, explica Ivanov, “e de permitir que a IA entre em ação e faça a sua magia”.Tendência 4. Robôs humanoides em fábricas e casas

Os robôs humanóides já não são apenas construções cinematográficas e saltaram do grande ecrã para estarem cada vez mais presentes no nosso dia-a-dia.

Desde os primeiros sistemas robóticos no contexto fabril, até aos atuais robôs humanóides, registou-se neste tipo de tecnologia grandes saltos evolutivos.

Mais recentemente e com a chegada da IA generativa, a robótica humanóide tem vindo a ganhar capacidade de comunicar com as pessoas, aprender novas competências e adaptar o seu comportamento de forma dinâmica.


“Além de poder aprender com os humanos, o poder descarregar novas competências da cloud ou partilhá-las entre diferentes robôs irá aumentar significativamente a versatilidade e a utilidade dos robôs”, afirma Thomas King.

Prevê-se que a dimensão do mercado global de robôs humanóides atinja perto dos dez mil milhões de dólares até 2030, com a sua entrada em casas e locais de trabalho durante este ano.


Já em 2024, vários fabricantes de automóveis testaram robôs humanóides nas suas fábricas de produção e divisões de logística e a disponibilidade comercial limitada está prevista para 2025.

A disponibilidade em massa está prevista começar por volta de 2026 nos Estados Unidos e na Europa, enquanto a China está a planear uma implementação em massa de robôs humanoides já este ano. “À medida que a força de trabalho dá os próximos passos rumo a um cenário híbrido de humanos e máquinas, a necessidade de uma IA responsável torna-se cada vez mais clara”, diz Ivanov.


As estimativas sugerem que até 30 por cento das horas de trabalho atuais poderão ser automatizadas até 2030. “A IA irá criar novas funções e libertar os trabalhadores para assumirem diferentes desafios. As especializações humanas irão concentrar-se mais em áreas que a IA não consegue resolver, e a IA também pode ajudar as empresas a permitir que os seus colaboradores desenvolvam novas competências e mudem as suas funções”, refere o CEO da DE-CIX.Tendência 5. A computação desagregada permite o treino futuro da IA
A forma como as empresas treinam os grandes modelos de linguagem (LLMs) vai mudar em breve. “Enquanto antes eram necessários grandes centros de dados centralizados para processar rapidamente cargas de computação em clusters paralelos, no futuro, será necessário treinar modelos de IA de forma mais descentralizada”, diz Thomas King, “mesmo que seja apenas pela razão de que o espaço para os data centers é limitado em todo o lado. 

A solução é fornecida pelas AI Exchanges, que podem interligar cargas de trabalho de computação desagregadas e serviços de IA através de ligações de alta velocidade”, afirma Ivo Ivanov, “e que já estão preparadas para os próximos saltos tecnológicos no mercado de IA”.

A nova Ultra Ethernet está a impulsionar uma tendência para a computação desagregada ao substituir a InfiniBand.


Isto significa que se os computadores e o armazenamento estivessem ligados via InfiniBand num centro de dados de IA, normalmente teriam de estar localizados a apenas alguns metros de distância.

“A Ultra Ethernet pode cobrir distâncias maiores”, afirma King. “O padrão é menos complexo, mais fácil de utilizar, baseia-se em tecnologia Ethernet estabelecida e amplamente utilizada e permite que grandes modelos de linguagem sejam treinados mesmo numa área metropolitana”.

A interligação de alta velocidade para esta aplicação específica já faz parte da norma. E a interligação de alta velocidade faz provavelmente também parte da solução necessária para operar data centers em rede distribuídos, precisamente naqueles locais onde ainda existe espaço ou energia para os mesmos.
Conetividade e latência, pilares da Revolução da Inteligência Artificial
Seja em carros autónomos, redes autónomas ou arquiteturas de TI desagregadas, “a conetividade é a essência de todas as aplicações de inteligência artificial”, sustenta Thomas King.

No ano em que a DE-CIX celebra 30 anos, a empresa destaca a importância de uma Internet interligada e neutra para o crescimento económico global.

Em 2025, à medida que avanços tecnológicos transformam ficção científica em realidade, a empresa reforça a missão de impulsionar a interligação entre cidades, países e continentes.

No contexto da IA, a latência emerge como fator crítico para o sucesso das aplicações, com 22 por cento das empresas da região EMEA a indicarem-na como principal preocupação na adoção da cloud.

Ideias, conceitos e tendências que o mundo vai acabar por adotar num sistema cada vez mais tecnológico, autónomo e robótico.