Telescópio Kepler ainda pode encontrar planeta igual à Terra

O investigador português Tiago Campante afirma, em entrevista ao online da RTP, que o telescópio Kepler está a cumprir a missão programada. Mas pensou-se que encontrar um planeta semelhante à Terra fosse mais fácil.

Nuno Patrício, RTP /
T. Pyle, NASA Ames/ JPL-Caltech

Depois da revelação de mais um conjunto de cinco exoplanetas encontrados pela equipa de 41 investigadores astrofísicos, a qual Tiago Campante lidera, o português diz que a Kepler tem efetuado a missão de forma exemplar.

Os dados agora revelados por esta equipa mostram ao mundo um novo sistema solar com uma idade a rondar os 11 mil milhões de anos de existência, composto por cinco exoplanetas com diâmetros entre os planetas Mercúrio e Vénus e a orbitar numa zona muito próxima da estrela mãe.

Para o investigador português, a trabalhar na Universidade de Birmingham, estes planetas estão posicionados orbitalmente de forma síncrona, um facto que surpreende a comunidade científica visto serem tão antigos no tempo universal.



Sistemas solares com exoplanetas, realidades que só existiam até em bem pouco tempo, no campo da ficção científica. Kepler veio assim mudar a forma de ver o universo e provar que as teorias de existência planetária extra-sistema solar são uma realidade e mais comum do que se previa.

Atualmente o programa Kepler já deu a conhecer 1.013 planetas (janeiro 2015), num total de 1.800 já confirmados, mas ainda não foi encontrado aquele que todos desejam: um planeta semelhante à Terra.

Tiago Campante não descarta a possibilidade de o Kepler conseguir esse feito, mas reserva mais esperança para o novo telescópio espacial europeu “Plato”. Um projecto da ESA programado para 2024.


Missão Plato
A missão Planetary Transits and Oscillations (Oscilações e Trânsitos Planetários) de estrelas da Agência Espacial Europeia será implementada no âmbito do Programa para 2015-25 Cosmic Vision (Visão Cósmica).

A missão tentará responder a duas questões: quais são as condições para a formação de planetas, formação e aparecimento da vida; como funciona o Sistema Solar?

A Plato irá monitorizar milhares de estrelas, procurando pequenas oscilações regulares no brilho à medida que os planetas passam à frente da estrela mãe.

A missão será parecida com a do atual telescópio Kepler, mas terá mais e melhor tecnologia. Vai ter 34 pequenos telescópios, bem como câmaras, e estará programada para procurar cerca de um milhão de estrelas em metade do céu.

O telescópio espacial Plato será lançado à boleia do foguete Soyuz a partir do Porto Espacial Europeu em Kourou, em 2024, para uma missão inicial de seis anos, na qual, esperam os cientistas, poderá encontrar o tão desejado planeta gémeo da Terra.
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