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Tempo de vida de alguns animais pode reduzir-se com as alterações climáticas

por Inês Moreira Santos - RTP
Enrique Castro-Mendivil/Reuters

Quanto mais quente for o ambiente, mais acelerada é a taxa de vida. É a conclusão de um novo estudo, divulgado esta sexta-feira, que sugere que o aquecimento global pode reduzir o tempo de vida útil de centenas de espécies de animais de sangue frio.

As alterações climáticas podem afetar e transformar de diversas formas a vida e o habitat de muitas espécies de seres vivos em todo o mundo. Este estudo, uma colaboração entre investigadores irlandeses e israelitas, sugere que o aquecimento global pode ter um impacto significativo no tempo de vida de espécies como répteis e anfíbios.

Os investigadores da Universidade de Tel Aviv e da Queen’s University Belfast explicam que os ambientes mais quentes aceleram a taxa de vida e, por isso, proporcionam um envelhecimento mais acelerado e uma vida útil mais curta.

Nesta investigação, publicada na Global Ecology and Biogeography, foram analisadas mais de 4100 espécies de vertebrados terrestres para testar a teoria da "taxa de vida", que sugere que quanto mais rápida for a taxa metabólica de um organismo, menor é a sua vida útil. Contudo, os investigadores comprovaram, com este estudo, que o metabolismo não afeta diretamente a expectativa de vida.

"As nossas descobertas podem ter implicações críticas para a nossa compreensão sobre os fatores que contribuem para as extinções, especialmente nos tempos modernos, em que estamos a enfrentar um declínio mundial na biodiversidade, com animais de sangue frio a serem particularmente ameaçados", afirmou Daniel Pincheira-Donoso, autor e professor de evolução e macroecologia na Queen's University.

Os cientistas descobriram que as taxas de envelhecimento em animais de sangue frio estão associadas às temperaturas elevadas. Portanto, a conclusão é simples: o aquecimento global pode reduzir a vida útil de muitas espécies de sangue frio, uma vez que as altas temperaturas aceleram o seu envelhecimento.

"Agora sabemos que a expectativa de vida dos vertebrados de sangue frio está ligada às temperaturas ambientais. Podemos esperar que as suas vidas sejam reduzidas à medida que as temperaturas continuam a subir devido ao aquecimento global", disse o investigador.

Gavin Stark, autor deste estudo e estudante de doutoramento na Universidade de Tel Aviv esclareceu também que "a ligação entre a expectativa de vida de animais de sangue frio (anfíbios e répteis) e a temperatura ambiente pode significar que eles são especialmente vulneráveis ao aquecimento global" que estamos a enfrentar atualmente.

E a verdade é que, segundo este estudo, "se o aumento da temperatura ambiente reduzir a longevidade, pode tornar estas espécies mais propensas a serem extintas à medida que o clima aumenta".

Considerando as conclusões dos investigadores, quase uma em cada cinco das cerca de dez mil espécies de lagartos, cobras, tartarugas, crocodilos e outros répteis está ameaçada de extinção.

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