Teodoro Obiang convida Papa Francisco a visitar a Guiné Equatorial
O Papa Francisco recebeu hoje em audiência, no Vaticano, o vice-presidente da Guiné Equatorial, que convidou o líder da Igreja Católica a visitar o país, segundo informação divulgada nas redes sociais por Teodoro Obiang Ngema Mangue.
"O Governo equato-guineense convidou o Papa Francisco a visitar o nosso país e tocou-me a honra de levar a mensagem que o chefe de Estado enviou ao sumo pontífice", escreveu o vice-presidente da Guiné Equatorial e filho do Presidente, Teodoro Obiang, nas suas redes sociais.
A revelação foi acompanhada de várias fotografias e um vídeo do encontro com o líder da Igreja Católica.
"Agradecemos a receção apoteótica que recebemos por parte das autoridades do Estado do Vaticano", acrescentou.
`Teodorin` Obiang, 50 anos, conhecido pela sua reputação de gastos extravagantes, pela sua coleção de dezenas de carros e viagens luxuosas, foi nomeado vice-presidente em 2018 e é também responsável pela segurança e forças armadas.
Apresentado como o sucessor do pai, nos últimos anos tem substituído cada vez mais o Presidente e assumido um protagonismo crescente na gestão das questões do Estado.
Sobre ele recai uma condenação, com pena suspensa e de que recorreu, na Justiça francesa, a três anos de prisão e 30 milhões de euros de multa pelo branqueamento, entre 1997 e 2011, de uma quantia estimada em 150 milhões de euros.
O Papa Francisco recebeu Teodoro Obiang em outubro de 2013, numa reunião em que discutiram a situação no país africano e ratificaram um acordo para definir a relação entre a Igreja e o Estado.
O país, que não divulga dados sobre a pobreza, está listado como um dos países com maiores rendimentos em África e também entre os mais corruptos do mundo, com organizações não governamentais a apontarem responsabilidades diretamente à família Obiang e o seu clã.
Desde a sua independência de Espanha em 1968, a Guiné Equatorial é considerada pelos grupos de direitos humanos como um dos países mais repressivos do mundo, com acusações de detenções e torturas de dissidentes e alegações de fraude eleitoral.
O mais recente relatório da organização Amnistia Internacional aponta que, em 2020, a Guiné Equatorial manteve a "repressão aos defensores dos direitos humanos", violações ao direito a julgamento justo, o uso da "força excessiva" por parte da polícia, assim como violações ao direito de liberdade de expressão e acesso a informação.
Obiang, 78 anos, governa o país com mão de ferro desde 1979, quando derrubou o tio Francisco Macias num golpe de Estado, e é o Presidente com o mandato mais longo do mundo.
Com menos de um milhão de habitantes, a Guiné Equatorial é de maioria católica, com quase 90% da população a afirmar-se católica.