Termina sem acordo a conferência da ONU sobre Tratado Não-Proliferação Nuclear

A conferência sobre o Tratado de Não-Proliferação (TNP) de Armas Nucleares terminou hoje na sede nova-iorquina das Nações Unidas (ONU) sem acordo sobre os meios para impedir a disseminação de bombas atómicas.

Agência LUSA /

A sessão plenária foi encerrada pelo seu presidente, o diplomata brasileiro Sérgio Duarte Queiroz, e o egípcio Mohamed ElBaradei, director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), organismo regulador da ONU, não escondeu "desolação" face ao fracasso atribuído à inflexibilidade dos países participantes para aprovar um documento final em reforço do TNP.

Depois de um mês de debates, do qual as duas últimas semanas foram passadas a trabalhar na agenda da conferência, os 188 países participantes esbarraram com profundas divergências em matéria de desarmamento e uso pacífico da energia nuclear.

"A principal causa do fracasso foi a falta de entendimento e convergência dos signatários na busca de vias para pôr em prática o clausulado do TNP", disse aos jornalistas Sérgio Duarte Queiroz.

Concluída a conferência, as delegações expressaram por unanimidade "frustração", embora acentuando a prevalência dos compromissos e obrigações inerentes ao tratado.

O bloqueio das negociações deveu-se, por um lado, às diferenças de opinião sobre o programa nuclear do Irão, acusado por Washington de, sob a alegação de ter falta de energia eléctrica suficiente, estar a procurar obter a bomba atómica.

Outro dos motivos foi o arsenal de 200 bombas atómicas de Israel, que não participou na conferência por não fazer parte do TNP.

O Egipto, empenhado em criar uma zona livre de armas nucleares no Médio Oriente, objectou que o Irão se tenha convertido no centro das atenções quando se fala de não-proliferação, esquecendo o desarmamento de Israel e o imperativo de também assinar o TNP.

A tensão internacional gerada pelo programa nuclear da Coreia do Norte esteve igualmente no centro das atenções.

As delegações criticaram ainda a "falta de vontade política" dos Estados Unidos, que se negam a reafirmar o compromisso e obrigação de desarmamento assumido em anteriores revisões do tratado (1995 e 2000).

O TNP vigora desde 1970 e impõe aos 188 signatários o uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França - apenas garantem que reduzirão gradualmente os arsenais, até à eliminação total.

Os subscritores do TNP têm de se reunir a cada cinco anos para avaliar o regime da não-proliferação e aprovar linhas políticas para o desarmamento total.

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