Tesoureiro do PT no Brasil alvo de denúncias de corrupção

O tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Delúbio Soares, acusado de envolvimento no alegado esquema de pagamento de "mesadas" a deputados em troca de votos favoráveis ao governo, pediu hoje a sua demissão do cargo.

Agência LUSA /

O pedido foi apresentado durante a reunião da Executiva Nacional do PT, em São Paulo, que discute o agravamento da crise política brasileira, gerada por denúncias de corrupção no governo Lula da Silva.

A decisão de Delúbio Soares, que teria uma estreita ligação com o homem acusado de operar o chamado "mensalão", o empresário de publicidade Marcos Valério de Souza, ocorre um dia depois do afastamento do secretário-geral do PT, Sílvio Pereira.

Acusado de intermediar a negociação de cargos no governo para aliados, Sílvio Pereira, homem de confiança do ex-ministro da Casa Civil da Presidência José Dirceu, pediu para ficar afastado das suas funções até ao final do trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que está a investigar as denúncias no Congresso Nacional.

As primeiras denúncias sobre a existência do pagamento pelo PT de mesadas de 30 mil reais (10 mil euros) a parlamentares para votarem a favor do governo no Congresso foram feitas no dia 06 de Junho pelo deputado Roberto Jefferson, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), da base aliada do governo.

Jefferson, por sua vez, é acusado de envolvimento num alegado esquema de corrupção nos Correios.

A crise agravou-se com a publicação pela revista "Veja", no passado fim-de-semana, de documentos do Banco Central que comprovam a ligação comercial do PT com o empresário acusado de operar o "mensalão".

De acordo com os documentos, Marcos Valério, juntamente com o presidente do PT, José Genoíno, e o tesoureiro Delúbio Soares, foi avalista de um empréstimo de 2,4 milhões de reais (852 mil euros) feito pelo partido em 2003.

O empresário, cujas empresas de publicidade têm vários contratos com o governo federal, chegou mesmo a pagar parcelas atrasadas do empréstimo.

Segundo dados oficiais, Marcos Valério acumulou nos últimos sete anos um património declarado de 14 milhões de reais (cinco milhões de euros).

Na quarta-feira, o empresário será ouvido no Congresso Nacional pela CPI.

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