Theresa May: não haver "acordo nenhum é melhor do que um mau acordo"

por RTP
Theresa May exige respeito à União Europeia Reuters

A primeira-ministra do Reino Unido pediu respeito à União Europeia enquanto decorrem as negociações do Brexit. Depois de uma cimeira frustrada, na última quinta-feira, Theresa May declarou que prefere sair sem chegar a acordo do que alcançar um mau acordo para o Reino Unido. Nicola Sturgeon, líder escocesa, já reagiu às declarações de May, tal como Jeremy Corbyn, do partido Trabalhista.

Numa declaração emitida em Downing Street, Theresa May criticou os chefes de Estado da União Europeia por rejeitarem o seu plano e de não darem alternativas numa altura em que as negociações vão avançadas.

Na última quinta-feira, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, rebateu a tentativa de acordo de Theresa May e declarou que este não tinha pernas para andar. O Reino Unido deverá sair da União Europeia daqui a seis meses e a líder britânica pede maior compromisso aos líderes europeus.

May apontou dois assuntos em que os dois lados não conseguem alcançar consenso. Sobre a relação que Reino Unido e União Europeia vão ter no plano económico e a solução para a fronteira das Irlandas.

Na parte económica, Theresa May queixa-se de que a União Europeia lhe ofereceu apenas duas opções. A primeira é manter-se na união aduaneira, a segunda é considerar um acordo de comércio livre que colocaria a Irlanda do Norte como parte do mercado único.

A primeira-ministra britânica queixou-se de que a primeira opção ia obrigar o Reino Unido a cumprir as regras da União Europeia, mantendo a “imigração descontrolada”, e que não haveria possibilidade de fazer novos acordos comerciais com outros países.

A questão das fronteiras obrigaria a controlos alfandegários na fronteira das duas Irlandas, algo que Theresa May considera inadmissível.



“Isso seria ridicularizar o referendo que tivemos há dois anos. Qualquer coisa que não respeite o referendo ou que efetivamente divida o nosso país em dois seria um mau acordo e sempre disse que nenhum acordo é melhor que um mau acordo”.

Para tentar contornar a questão, Theresa May apresentou o plano ‘Chequers’, declarando que resolveria o problema das fronteiras. O documento pretendia criar uma área de livre comércio para bens, depois da saída do Reino Unido da União Europeia.

A proposta foi rejeitada pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que afirmou que o plano colocaria em causa o mercado único, apesar de apresentar alguns elementos positivos.

Em resposta a Tusk, Theresa May foi, esta sexta-feira, contundente na resposta e exigiu que o Reino Unido seja respeitado, da mesma maneira que respeita os princípios da União Europeia.



“Nesta fase das negociações, não é aceitável que se rejeitem as nossas propostas sem ter uma explicação detalhada e uma alternativa. Agora precisamos que a União Europeia nos explique quais são os verdadeiros problemas e quais são as suas alternativas para podermos debater. Até lá, não há progressos”.
Corbyn e Sturgeon críticos para Theresa May
O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, reagiu às declarações de Theresa May, deixou-lhe duras críticas e responsabilizou a primeira-ministra britânica pelo impasse que se vive nas negociações.

"A estratégia de negociação de Theresa May para o `Brexit` foi um desastre. Os conservadores passaram mais tempo a discutir entre eles do que a negociar com a UE".

Corbyn considerou que os jogos políticos que Reino Unido e União Europeia têm adotado durante as negociações têm de terminar, já que acredita que a Grã-Bretanha não pode sair sem haver um acordo, algo que, para o líder da oposição, “não é uma opção”.



A líder escocesa, Nicola Sturgeon, e grande opositora à saída da Escócia da União Europeia, considerou as palavras de Theresa May “horríveis”. Sturgeon acredita que a primeira-ministra do Reino Unido não pode continuar a apostar no plano ‘Chequers’ e culpar a União Europeia por não haver acordo.

“A única maneira viável de realizar o Brexit é continuar no mercado único. Se [Theresa May] não está preparada para isso, então o Brexit nem sequer devia acontecer. Brexit “sem Acordo” ou “sem detalhes” não é aceitável – especialmente para a Escócia, onde não votámos para que isto acontecesse”.
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