Timor-Leste diz-se disponível para assumir presidência da CPLP

O Governo de Timor-Leste manifestou hoje disponibilidade para assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), face ao golpe de Estado de 26 de novembro na Guiné-Bissau, que preside à organização.

Lusa /

A disponibilidade de Timor-Leste foi manifesta no comunicado da reunião do Conselho de Ministros, hoje reunido em Díli, que designou também dois ministros para integrarem uma missão de mediação da CPLP para acompanhar a situação no país.

"Tendo em conta a recomendação da suspensão temporária da Guiné-Bissau e a proposta de transferência da presidência da organização para outro Estado-Membro decidida pelo Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP, o Conselho de Ministros deliberou igualmente manifestar a disponibilidade de Timor-Leste para assumir a presidência rotativa da CPLP para o período 2026-2027", pode ler-se no comunicado.

O Governo determinou também que o ministro da Administração Estatal, Tomás Cabral, e o ministro da Defesa, Donaciano do Rosário Gomes, vão integrar a missão de mediação da organização lusófona para acompanhar a situação decorrente do golpe de Estado e a interrupção do processo eleitoral.

O Presidente timorense, José Ramos-Horta, já tinha defendido hoje que a CPLP deve suspender a Guiné-Bissau na sequência do golpe militar de 26 de novembro.

"A Guiné-Bissau tem de ser suspensa da CPLP, eles fazem golpes sucessivamente, já são demasiados golpes", afirmou o antigo representante especial das Nações Unidas para a Guiné-Bissau e Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta.

Se a CPLP "fechar os olhos", perderá totalmente a credibilidade, afirmou José Ramos-Horta, exigindo que a CPLP "assuma uma posição com honra e dignidade".

Um Alto Comando Militar destituiu o Presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral, em que o candidato independente apoiado pelo histórico partido PAIGC, Fernando Dias, reclamou vitória sobre Embaló, que concorreu a um segundo mandato.

O Alto Comando Militar nomeou Presidente de transição o general Horta Inta-A e este deu posse a um governo com 23 ministérios e cinco secretarias de Estado, tutelados por vários nomes ligados ao Presidente deposto.

Os militares suspenderam parcialmente a Constituição e fixaram uma estrutura política com o Presidente da República de Transição, o Alto Comando Militar, o Conselho Nacional de Transição com as funções do parlamento e um governo de transição.

As organizações regionais africanas de que a Guiné-Bissau faz parte suspenderam o país dos respetivos órgãos, nomeadamente a CEDEAO (Comunidade Económica dos Países da África Ocidental) e a União Africana (UA).

Os chefes de Estado e de Governo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) irão analisar a situação na próxima cimeira, nomeadamente a recomendação do Conselho de Ministros de suspender e substituir a Guiné-Bissau na presidência rotativa da organização que ocupa atualmente.

 

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