O papa Francisco denunciou esta terça-feira a “ganância” com que os recursos minerais são explorados e que têm levado a um conflito crónico na República Democrática do Congo. Na chegada ao país, esta terça-feira, Francisco avisou os países mais ricos que não podem ignorar os estragos que têm causado ao continente africano.
"Tirem as mãos de África". No Congo, papa Francisco critica "ganância" com que se explora África
Muitos milhares acenaram a aplaudiram a chegada de Francisco ao país enquanto viajava do aeroporto até ao centro de Kinshasa, capital congolesa, no Papamóvel, com muitos fiéis a tentar seguir o veículo.
Logo a seguir, o Papa discursou no palácio presidencial, condenando a “a exploração horrível e inumana” com que vastos recursos naturais são explorados e têm levado à guerra e fome na República Democrática do Congo.
“É uma tragédia que estas terras, e no geral, o continente africano continue a aguentar várias formas de exploração. O veneno da ganância manchou os seus diamantes com sangue”, disse o Papa referindo-se ao Congo.
“Tirem as mãos da República Democrática do Congo! Tirem as mãos de África! Parem de sufocar África: não é uma mina para ser explorada nem um terreno para ser saqueado”, continuou.
A República Democrática do Congo tem alguns dos depósitos naturais mais ricos de diamantes, ouro, cobre, cobalto e lítio. No entanto, a exploração destes locais têm levado à guerra entre tropas governamentais, milícias locais e invasores estrangeiros. A exploração de minas também levado à exploração laboral de vários trabalhadores, nos quais se incluem ciranças.
Assim, nos últimos anos, o Congo tornou-se num dos países menos seguros do mundo, tendo sido devastado por ondas de violência o que faz com que 26 milhões de pessoas enfrentem a fome severa, de acordo com as Nações Unidas.
A Igreja Católica tem sido de grande importância no país, especialmente no que toca à construção de escolas e infraestruturas hospitalares. Em Kinshasa, o papa também criticou o papel das nações mais ricas, algumas delas colonizadoras em África, no “fechar de olhos” às tragédias que têm tido lugar no continente africano.
“Temos a ideia que a comunidade internacional resignou-se à violência que tem devorado o Congo. Não nos podemos acostumar ao derramamento de sangue que tem marcado este país nas últimas décadas, causando milhões de mortes”.
O Papa vai manter-se em Kinshasa até à próxima sexta-feira, altura em que irá viajar até ao Sudão do Sul.