"Tirem as mãos de África". No Congo, papa Francisco critica "ganância" com que se explora África

por RTP
Papa já chegou à República Democrática do Congo Reuters

O papa Francisco denunciou esta terça-feira a “ganância” com que os recursos minerais são explorados e que têm levado a um conflito crónico na República Democrática do Congo. Na chegada ao país, esta terça-feira, Francisco avisou os países mais ricos que não podem ignorar os estragos que têm causado ao continente africano.

Desde 1985 que não havia uma visita de um Papa à República Democrática do Congo, tendo João Paulo II sido o último a ir ao país, quando ainda era conhecido como Zaire. Quase 90 por cento da população no Congo é católica.

Muitos milhares acenaram a aplaudiram a chegada de Francisco ao país enquanto viajava do aeroporto até ao centro de Kinshasa, capital congolesa, no Papamóvel, com muitos fiéis a tentar seguir o veículo.

Logo a seguir, o Papa discursou no palácio presidencial, condenando a “a exploração horrível e inumana” com que vastos recursos naturais são explorados e têm levado à guerra e fome na República Democrática do Congo.

“É uma tragédia que estas terras, e no geral, o continente africano continue a aguentar várias formas de exploração. O veneno da ganância manchou os seus diamantes com sangue”, disse o Papa referindo-se ao Congo.

“Tirem as mãos da República Democrática do Congo! Tirem as mãos de África! Parem de sufocar África: não é uma mina para ser explorada nem um terreno para ser saqueado”
, continuou.

A República Democrática do Congo tem alguns dos depósitos naturais mais ricos de diamantes, ouro, cobre, cobalto e lítio. No entanto, a exploração destes locais têm levado à guerra entre tropas governamentais, milícias locais e invasores estrangeiros. A exploração de minas também levado à exploração laboral de vários trabalhadores, nos quais se incluem ciranças.

Assim, nos últimos anos, o Congo tornou-se num dos países menos seguros do mundo, tendo sido devastado por ondas de violência o que faz com que 26 milhões de pessoas enfrentem a fome severa, de acordo com as Nações Unidas.

A Igreja Católica tem sido de grande importância no país, especialmente no que toca à construção de escolas e infraestruturas hospitalares. Em Kinshasa, o papa também criticou o papel das nações mais ricas, algumas delas colonizadoras em África, no “fechar de olhos” às tragédias que têm tido lugar no continente africano.

“Temos a ideia que a comunidade internacional resignou-se à violência que tem devorado o Congo. Não nos podemos acostumar ao derramamento de sangue que tem marcado este país nas últimas décadas, causando milhões de mortes”.

O Papa vai manter-se em Kinshasa até à próxima sexta-feira, altura em que irá viajar até ao Sudão do Sul.
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