Tóquio 2020. Atleta bielorrussa recusa-se a regressar ao seu país e pede ajuda às autoridades japonesas
Krystsina Tsimanouskaya pediu ajuda ao Comité Olímpico Internacional (COI) e às autoridades japonesas depois de, no domingo, ter sido levada para o Aeroporto Internacional de Tóquio, contra a sua vontade, supostamente por ter criticado publicamente os responsáveis pelo atletismo bielorrusso. A velocista bielorrussa terá sido obrigada a suspender a sua participação nos Jogos Olímpicos, mas recusou-se a embarcar num voo de regresso ao seu país, alegando temer pela sua segurança na Bielorrússia.
"O COI e Tóquio-2020 contactaram esta tarde diretamente com Krystsina Tsimanouskaya. Está com as autoridades no aeroporto de Haneda e acompanhada por um membro da equipa Tóquio-2020. Ela disse-nos que se sentia em segurança", confirmou o COI, a quem a atleta tinha exortado a intervir.
The IOC and Tokyo 2020 have spoken to Krystsina Tsymanouskaya directly tonight. She is with the authorities at Haneda airport and is currently accompanied by a staff member of Tokyo 2020. She has told us that she feels safe. /1
— IOC MEDIA (@iocmedia) August 1, 2021
"Estivemos em contato com ela ontem à noite e esta manhã e ela se sente segura e protegida", assegurou Adams, citado pelo Guardian. "O nosso primeiro cuidado é com ela, e é isso que estamos a cumprir. Durante a noite, ela foi para a esquadra da polícia com um membro de Tóquio-2020".
Questionada sobre as denúncias de "rapto", Adams afirmou: "Ela conversou com a polícia no aeroporto. Se houver um assunto criminal, tem de ser investigado, mas é um assunto para a polícia".
"Pedimos ao CON da Bielorrússia um relatório completo, mas já tomamos medidas contra eles no ano passado", acrescentou ainda.
Entretanto, o Comité Olímpio da Bielorrússia emitiu um comunicado a explicar que Krystsina Tsimanouskaya tinha sido afastada por indicação médica devido ao seu "estado emocional e psicológico" - declaração que a atleta bielorrussa nega e garante ser "mentira".
A Fundação bielorrussa de Solidariedade Desportiva, que denunciou no domingo este caso, indicou ter solicitado à polícia japonesa que impedisse a partida de Tsimanouskaya, acrescentando a atleta está a ser perseguida pelas suas ideias políticas e, por isso, pondera pedir asilo político na embaixada da Áustria ou da Alemanha em Tóquio.
"Porque devemos pagar pelos vossos erros? (…) É arbitrário", insurgiu-se numa mensagem no Instagram, que posteriormente foi ocultada.
"Se me tivessem avisado previamente, explicado toda a situação e perguntado se seria capaz de correr os 400 metros, não reagiria de maneira tão severa. Mas decidiram fazer tudo nas minhas costas", escreveu numa outra publicação.
"Tenho medo de ser enviada para a prisão" quando chegar à Bielorrússia, declarou já ao digital by.tribuna.com.
"E o treinador inscreveu-me na prova sem o meu conhecimento. Falei sobre isso publicamente. O treinador principal veio ter comigo e disse que havia uma ordem superior para me eliminar [dos Jogos Olímpicos]".
O movimento de contestação de 2020 na Bielorrússia, que durante meses mobilizou dezenas de milhares de manifestantes, incluindo alguns desportistas conhecidos, foi desmobilizado na sequência de detenções em massa, e um exílio forçado dos seus principais dirigentes.