Tóquio sublinha importância da cooperação com Coreia do Sul em matéria de segurança
O ministro japonês da Defesa, Shinjiro Koizumi, destacou hoje a importância da cooperação com a Coreia do Sul em matéria de segurança, após dois desacordos entre as respetivas forças armadas, num momento de tensão entre Tóquio e Pequim.
A relação entre o Japão, a Coreia do Sul e os Estados Unidos está a tornar-se "ainda mais importante", disse Koizumi, que negou que a cooperação em matéria de defesa com Seul tenha sofrido uma deterioração, em declarações numa conferência de imprensa divulgada pela agência de notícias local Kyodo.
Os incidentes que sugeriram o atrito nas relações entre os dois países incluíram o cancelamento pelo Japão do reabastecimento de aviões sul-coreanos, depois de estes terem sobrevoado ilhas controladas por Seul e disputadas por Tóquio.
Em resposta, o governo sul-coreano recusou-se a enviar uma banda militar a um festival em Tóquio na semana passada.
O Japão e a Coreia do Sul têm previsto realizar no final deste mês exercícios bilaterais de busca e salvamento marítimo, que, segundo a imprensa japonesa, podem ser cancelados devido aos últimos atritos entre os dois países.
Os comentários de Koizumi surgem semanas depois do governante se ter reunido com o homólogo sul-coreano, Ahn Gyu Back, e de ambos terem acordado intensificar os contactos entre responsáveis militares e de defesa.
O acordo visava mitigar um clima de incerteza causado pela eleição, em outubro, de Sanae Takaichi como primeira-ministra japonesa, o que colocou em dúvida a evolução das relações bilaterais entre as duas potências, que haviam melhorado significativamente durante os mandatos dos seus dois antecessores.
Takaichi é conhecida pelo revisionismo histórico e por ser a favor da reforma da Constituição pacifista do país asiático, temas sensíveis para as potências vizinhas, principais vítimas do colonialismo militar japonês nos séculos passados, incluindo o domínio da península coreana entre 1910 e 1945.
O ministro japonês sublinhou que ambos os países continuam a manter "uma comunicação estreita a diferentes níveis" e mostrou interesse em que os intercâmbios possam continuar, nomeadamente num contexto de tensões crescentes entre o Japão e a China.
Há pouco mais de uma semana, Takaichi afirmou perante o Parlamento nipónico que um ataque militar da China a Taiwan poderia justificar a ação das Forças de Autodefesa japonesas, declarações que desencadearam uma onda de tensão diplomática entre os dois países.
Pequim sustenta que essa intervenção constitui uma "grave ingerência" nos assuntos internos chineses e pediu ao Japão que se retratasse.
Tóquio reagiu enviando a Pequim um porta-voz do Governo com o objetivo de diminuir a tensão através do diálogo.