"Tornar a Bundeswehr forte". Novo ministro alemão da Defesa promete prontidão

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

Diante de novos apelos de Volodymyr Zelensky para que o Ocidente envie armamento pesado à Ucrânia, os ministros da Defesa da Alemanha e dos Estados Unidos reúnem-se esta quinta-feira com vista a debater a evolução da guerra na Europa. Nomeado na quarta-feira, Boris Pistorius assumiu que o seu objetivo, no Governo alemão, é fortalecer as Forças Armadas.

“Temos uma guerra agressiva na Europa. A Rússia está a travar uma guerra brutal de aniquilação num país soberano, na Ucrânia", disse Boris Pistorius após a cerimónia de tomada de posse no Ministério alemão da Defesa, antes de receber o homólogo norte-americano.

"A nossa tarefa é tornar a Bundeswehr [Forças Armadas da Alemanha] forte agora, trata-se de dissuasão, eficácia e prontidão. E trata-se de continuar a apoiar a Ucrânia, também com material do Bundeswehr", disse ainda Pistorius, na sua primeira intervenção como ministro da Defesa.

Boris Pistorius assume a pasta num momento em que a Alemanha está sob pressão dos aliados ocidentais para permitir que sejam enviados tanques de guerra de fabrico alemão para a Ucrânia, com vista a fortalecer a defesa contra a invasão russa.

O ministro social-democrata vai reunir-se, esta quinta-feira, com o norte-americano Lloyd Austin e na sexta-feira com líderes de defesa de cerca de 50 países e da NATO, na Base Aérea de Rammstein, na Alemanha, para discutir o fornecimento de armas a Kiev. Uma fonte do Governo alemão disse à Reuters que Berlim só permitirá o envio de tanques para a Ucrânia se os Estados Unidos concordarem em enviar também os próprios tanques.

"Será o meu trabalho fazer progressos tangíveis", disse ainda, lamentando que as Forças Armadas da Alemanha estavam "negligenciadas".

Anteriormente, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, prometeu mais apoio militar à Ucrânia e disse ao novo ministro da Defesa que as Forças Armadas da Alemanha deviam tornar-se, mais uma vez, capazes de proteger o país.

"A Alemanha não está em guerra, mas os anos de dividendos da paz dos quais nós alemães nos beneficiamos por tanto tempo e abundantemente acabaram", disse Steinmeier.

Pistorius substitui Christine Lambrecht, que, após algumas criticas, anunciou a sua renúncia na segunda-feira.
EUA pressionam Alemanha

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, já está na capital alemã. Segundo a imprensa internacional, espera-se que Washington pressione Berlim para a transferência de tanques para a Ucrânia.

Se por um lado a Alemanha diz que só envia armamento pesado para território ucraniano se os Estados Unidos também enviarem, por outro Washington insiste não planear enviar tanques produzidos nos EUA, considerando o "enorme esforço logístico" que requerem.

"O secretário [norte-americano de Defesa] vai pressionar os alemães sobre esta questão"
, disse um alto funcionário da defesa dos EUA, à Reuters

Segundo a mesma fonte, fornecer à Ucrânia tanques Leopard de fabricação alemã fazia mais sentido, já que vários países já os tinham e estavam dispostos a transferi-los rapidamente.

Na quarta-feira, os EUA anunciaram um novo grande pacote de assistência militar à Ucrânia, que incluirá artilharia, munições e veículos blindados Stryker, mas não os tanques M1 Abrams, adiantou o site Politico.

De acordo com o mesmo, que cita três autoridades norte-americanas e outra fonte ligada ao processo, será anunciado durante o encontro dos principais líderes militares de todo o mundo na Alemanha, para discutir a ajuda a Kiev. Atualmente, a Administração Biden não tem planos para enviar o Abrams, o principal tanque de guerra de 60 toneladas do Exército norte-americano, adiantaram as mesmas fontes.

A relutância deve-se aos desafios logísticos e de manutenção dos tanques e não à preocupação de que a sua transferência possa agravar o conflito, frisou uma das autoridades dos EUA. A mesma fonte apontou que os Estados Unidos ajudaram a Ucrânia a obter tanques da era soviética e apoiam a decisão britânica de enviar cerca de uma dúzia de seus tanques Challenger 2.

“Acreditamos que o fornecimento de tanques modernos ajudará significativamente e melhorará a capacidade dos ucranianos lutarem onde estão a lutar agora e lutar de forma mais eficaz daqui para a frente”, destacou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, em declarações aos jornalistas na quarta-feira, referindo-se aos tanques europeus.

A Casa Branca ainda não assinou este pacote, que está a ser finalizado, mas as autoridades norte-americanas esperam anunciá-lo na reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, que se realiza na sexta-feira, na base aérea dos Estados Unidos em Rammstein, que contará com o secretário de Defesa Lloyd Austin e o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, o general Mark Milley.
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