Trabalhadores sul-coreanos detidos nos EUA serão repatriados garante Seul
Os cerca de 475 trabalhadores sul-coreanos detidos nos Estados Unidos numa operação de imigração no dia 04 de setembro serão libertados hoje, mas regressarão à Coreia do Sul por decisão de Seul, anunciou o Presidente, Lee Jae Myung.
Os técnicos qualificados foram detidos nas instalações de uma fábrica de baterias da Hyundai-LG no Estado da Geórgia, durante uma operação conduzida pelas autoridades norte-americanas, mas o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu não os expulsar, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.
Segundo o ministério, a decisão de repatriamento deve-se ao "estado de choque" dos trabalhadores. "O Presidente Trump questionou se os profissionais qualificados deveriam permanecer nos Estados Unidos para continuar a trabalhar e formar pessoal local ou regressar ao seu país de origem", indicou a diplomacia sul-coreana num comunicado enviado à France Presse.
Seul respondeu que, tendo em conta o cansaço e o impacto psicológico da detenção, seria "preferível que regressassem primeiro a casa e voltassem mais tarde aos Estados Unidos para retomar o trabalho". A administração norte-americana aceitou esta posição, acrescentou o ministério.
O Governo sul-coreano enviou na quarta-feira um Boeing 747-8I da Korean Air aos Estados Unidos para repatriar os trabalhadores.
Em conferência de imprensa em Seul para assinalar os 100 dias de mandato, Lee Jae Myung alertou que este incidente poderá ter "impacto significativo nas futuras decisões de investimento", sobretudo no que toca à "viabilidade de operar diretamente nos EUA".
O Presidente sul-coreano voltou a apelar à criação de um sistema de vistos eficaz que permita às empresas do país enviar trabalhadores qualificados para projetos industriais nos Estados Unidos, sublinhando que a falta desse instrumento tem colocado entraves concretos à cooperação económica entre os dois países.
"Não se trata de trabalhadores permanentes. Quando se constrói uma fábrica ou se instala equipamento, são precisos técnicos. Os Estados Unidos não têm essa força de trabalho e, mesmo assim, não emitem vistos para que os nossos profissionais possam permanecer e realizar esse trabalho", afirmou.
Empresas sul-coreanas têm recorrido a vistos de curta duração ou ao sistema eletrónico de autorização de viagem (ESTA) para enviar trabalhadores envolvidos na implementação de unidades industriais. A prática era amplamente tolerada, mas a operação de imigração na Geórgia expôs a ausência de um mecanismo formal.
Especialistas e responsáveis em Seul lamentam que Washington ainda não tenha dado resposta à reivindicação antiga da Coreia do Sul nesse sentido, ao mesmo tempo que continua a pressionar por mais investimentos industriais sul-coreanos em solo norte-americano.
O chefe de Estado classificou a operação, durante a qual os trabalhadores foram algemados e acorrentados, como "desestabilizadora".
A Coreia do Sul comprometeu-se nos últimos meses a investir 350 mil milhões de dólares (299 mil milhões de euros) nos Estados Unidos, após ameaças da Administração norte-americana relativas à imposição de tarifas alfandegárias.