Os trabalhos da 16.ª conferência da ONU sobre biodiversidade, COP16, começaram hoje em Cali, na Colômbia, com a presidente da cimeira, Susana Muhamad, a pedir ao mundo para não se distrair na proteção da biodiversidade.
Depois de uma abertura oficial, no domingo, marcada por apelos na defesa da biodiversidade e da natureza, os trabalhos começaram hoje com alertas de que o planeta não pode perder tempo.
Os 196 países membros da Convenção sobre Diversidade Biológica têm até dia 1 de novembro para acordarem metas para proteger a natureza até 2030.
Naquela que é a maior conferência já organizada, e com o tema "Paz com a natureza", a primeira sessão plenária começou com a presidente da COP16, a ministra do Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, a advertir que o tempo corre contra a natureza e que "o planeta não se pode dar ao luxo de perder tempo", e pediu ao mundo para não "se distrair", porque a biodiversidade deve ser protegida.
No discurso, a ministra salientou que reabilitando os ecossistemas pode criar-se a segurança necessária para todas as pessoas, e "não com armas, ou genocídios, nem guerras"
Susana Muhamad reconheceu o desafio que a cimeira representa depois do sucesso da COP15, quando foi aprovado o Quadro Global de Biodiversidade, que "não foi uma tarefa fácil", mas foi um passo importante quanto às capacidades da humanidade para recuperar e preservar a natureza.
Por isso, assegurou que esta COP será "uma tarefa árdua", uma vez que "não se trata apenas de negociar pontos da agenda, não se trata de concordar com termos que serão incluídos em documentos", pelo que pediu às delegações que "trabalhem em conjunto" para poderem "deliberar de forma sincera".
"É normal que seja difícil chegar a acordo sobre certos elementos nestes processos multilaterais, mas temos de estar dispostos a chegar a fórmulas de convergência, e isso será fundamental para o êxito desta conferência", insistiu.
E esse êxito, nas palavras da ministra, depende por exemplo de acordos em questões fundamentais, como um programa de trabalho para os povos indígenas e comunidades locais, bem como o financiamento dos objetivos adotados para travar a perda de biodiversidade.
"Temos falta de fundos. Todos concordamos que precisamos de novas fontes de financiamento", disse, apelando à criação de um mecanismo de monitorização para evitar "perder tempo a ver se se está ou não a cumprir as promessas".
Numa conferência de imprensa, a ministra também já tinha dito que a criação de um fundo para compartilhar os benefícios dos recursos genéticos seria considerada um "marco" porque abriria "o caminho" para a contribuição do setor privado.
Também hoje o Governo anfitrião apresentou o seu Plano de Ação para a Biodiversidade, que quer levar a Colômbia a passar de 24 para 34% do território nacional com medidas de proteção, até 2030.
Outros 33 países do mundo que publicaram as suas Estratégias e Planos Nacionais de Biodiversidade. Portugal ainda não apresentou.
Esses instrumentos são as estratégias que um país implementa para avançar na proteção da diversidade biológica a fim de deter e reverter a sua perda até 2030, um mecanismo com o qual os países se comprometeram há quase dois anos, na última cimeira, a COP15, realizada no Canadá e da qual saiu o Quadro Global de Biodiversidade, com medidas a implementar até 2030, entre elas proteger 30% do planeta.