Três mortos em ataque a base de polícia militar em São Paulo
Três pessoas morreram hoje de madrugada em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, quando um grupo de homens lançou pedras e uma granada contra uma base da polícia militar, noticiou a televisão Globo News online.
O Governo estadual de São Paulo anunciou segunda-feira ter retomado o controlo nas 73 cadeias cujos presos estavam amotinados desde sexta-feira em protesto contra a transferência de chefes do crime organizado para estabelecimentos de alta segurança.
Os motins simultâneos faziam parte da ofensiva desencadeada sexta-feira pelas organizações criminosas em São Paulo e que provocaram 81 mortos, dos quais 39 eram agentes da polícia.
Cláudio Lembo, governador do Estado de São Paulo, o mais rico e mais populoso do Brasil, referiu segunda-feira à noite que as autoridades penitenciárias retomaram o controlo das cadeias e que cerca de 200 reféns foram libertados sãos e salvos.
Também segunda-feira à noite em Vila Amália (zona norte de São Paulo), um grupo de homens armados disparou segunda-feira à noite contra prédios de um condomínio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo (CDHU), acrescentou a televisão Globo News.
Os atacantes fugiram e não houve vítimas na sequência do assalto ao condomínio, maioritariamente habitado por polícias civis e militares.
Hoje, os autocarros vão circular com escolta na cidade de São Paulo, anunciou o comando geral da Polícia Militar, citado pelo jornal Globo-Online, acrescentando que apesar da escolta só metade dos autocarros (10.000 dos 20.000) sairá às ruas.
Na noite de segunda-feira, o congestionamento automóvel foi tão intenso que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) deixou de medir a extensão da fila. O último relatório dava conta de uma fila de 200 quilómetros.
Cerca de 5.100 autocarros ficaram segunda-feira nas garagens e, sem eles, a população andou pelas ruas em busca de transporte, tendo o metropolitano e os comboios ficado superlotados.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo atribuiu os 180 ataques dos últimos dias ao Primeiro Comando da Capital (PCC), um bando de presos que controla dezenas de prisões de São Paulo e que já tinha realizado uma demonstração de força em Fevereiro de 2001 ao organizar motins simultâneos em 29 cadeias.
As autoridades consideraram que a onda de violência que atingiu o Estado de São Paulo desde sexta-feira foi um acto de protesto do PCC pela transferência, na quinta-feira, de 765 presos, entre os quais os cabecilhas do grupo, para cadeias de segurança máxima.
São Paulo paralisou face a uma onda de boatos incontrolável.
Ao fim do dia de segunda-feira, a polícia contabilizou 184 ataques e 81 mortos, adiantou o jornal.
A violência saldou-se ainda por ataques a 13 agências bancárias e por cerca de 80 autocarros queimados, numa ofensiva que gerou o pânico entre os habitantes da maior metrópole brasileira, levando ao encerramento de escolas, lojas e empresas.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, líderes da facção do PCC ordenaram aos presos e membros do Primeiro Comando da Capital, do lado de fora das cadeias, que interrompessem a onda de violência.
O preso Orlando Mota Junior, 34 anos, conhecido como "Macarrão" terá sido um dos principais interlocutores do Governo do Estado de São Paulo. Mota Junior e outros líderes do PCC deram ordem para o fim dos atentados.
O Governo negou qualquer negociação com a organização. "Não se negoceia com bandidos", garantiu o director do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (DEIC), Godofredo Bittencourt.