Tribunal decide julgar quatro familiares de Ao Man Long e três empresários por corrupção

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O Tribunal de Instrução Criminal de Macau decidiu hoje levar a julgamento quatro familiares do ex-secretário dos Transportes e Obras Públicas e três empresários por corrupção activa e branqueamento de capitais relacionados com o caso do antigo governante.

Em causa estão Ao Chan Wa Choi, a mulher de Ao Man Long que se encontra em parte incerta, Ao Man Fu e Chan Meng Ieng, respectivamente irmão e cunhada do ex-secretário e que estão em prisão preventiva, e Ao Veng Kong, pai do antigo governante detido a 06 de Dezembro de 2006 sob a acusação de corrupção e branqueamente de capitais.

Além dos familiares de Ao Man Long, também os empresários Ho Meng Fai, Chan Tong Sang e Frederico Nolasco da Silva foram pronunciados por crimes de corrupção activa e branqueamento de capitais.

Mas, enquanto os familiares de Ao Man Long vão a julgamento basicamente por crimes de branqueamento de capitais e riqueza injustificada, os empresários serão julgados por crimes de corrupção activa e branqueamento de capitais.

Além do despacho de pronúncia, o juiz de instrução criminal determinou a prisão preventiva para a mulher do antigo governante - não aplicável por estar em parte incerta - e do pai, Ao Veng Kong, que, por se encontrar doente, foi mandado internar no Centro Hospitalar Conde São Januário.

A 01 de Agosto, o Tribunal de Última Instância de Macau - que julgará o antigo governante - acusou Ao Man Long de 76 crimes, a maioria dos quais relacionados com corrupção e branqueamento de capitais.

A primeira fase da investigação feita pelo Comissariado Contra a Corrupção foi concluída em Abril e existe pelo menos mais um processo a decorrer no Ministério Público de Macau. No total, estão envolvidas no caso de corrupção e branqueamento de capitais cerca de 30 pessoas.

Desde o início da investigação a 06 de Dezembro, o Comissariado Contra a Corrupção encontrou em cofres pessoais, quer na residência oficial de Ao Man Long quer em entidades bancárias de Macau e Hong Kong e em contas bancárias, um total de 795 milhões de patacas (cerca de 79,5 milhões de euros).

Além dos valores monetários, foram ainda apreendidas jóias avaliadas em quatro milhões de patacas - entre as quais três relógios com um valor de 2,4 milhões de patacas - cerca de 300 garrafas de vinho avaliadas em quatro milhões de patacas e especialidades chinesas como barbatanas de tubarão e ninhos de andorinha, num valor aproximado de 700.000 patacas.

Os crimes terão sido praticados entre 2002 e 2006, período de tempo em que o casal Ao Man Long e Ao Chan Wa Choi terá conseguido rendimentos de trabalho de cerca de 14 milhões de patacas mas estava na posse de valores superiores a 800 milhões de patacas.

Informações da investigação sustentam que o esquema de corrupção passou pela abertura de empresas em paraísos fiscais em nome das quais eram depois abertas contas em Hong Kong. O dinheiro passava por diversas contas, em quantias pequenas, para depois entrar numa única conta controlada por Ao Man Long antes de seguir para outros destinos, como Inglaterra, onde o ex-governante tinha em depósitos e títulos de divida cerca de 275 milhões de patacas.

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