Tribunal eleitoral adia declarar vencedor da segunda volta das presidenciais do Urugai
O tribunal eleitoral do Uruguai anunciou, no domingo, que o resultado da segunda volta das presidenciais estava muito renhido para declarar um vencedor e vai esperar por uma nova contagem para se pronunciar.
"O tribunal não vai anunciar o vencedor esta noite (madrugada em Lisboa)", e vai pronunciar-se "até sexta-feira", declarou o presidente da instituição, José Arocena.
Com mais de 98,5% dos votos contados, a diferença de cerca de 30 mil votos entre Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (PN, centro-direita) e Daniel Martinez, da Frente Ampla (FA, esquerda) é inferior ao número de boletins em dúvida, o que vai obrigar as autoridades eleitorais a realizarem uma nova contagem total.
Uma hora após o encerramento das assembleias de voto, às 22h30 TMG (mesma hora em Lisboa), o candidato de centro-direita, de 46 anos, era dado como o vencedor frente ao antigo presidente da câmara de Montevideu, de 62 anos, candidato do partido no poder, de acordo com sondagens à boca das urnas.
Mas ao longo da contagem oficial dos votos, o resultado acabou por se aproximar de um empate.
O vencedor destas eleições presidenciais deverá cumprir o mandato para o período 2020-2025.
A primeira volta das eleições gerais no Uruguai, com cerca de 3,3 milhões de habitantes, realizou-se a 27 de outubro.
Além de representarem duas correntes ideológicas opostas, os dois candidatos têm perfis diferentes, uma vez que a vida de Lacalle Pou é marcada pela herança política familiar, enquanto a de Martínez está ligada à vida sindical e trabalhista.
O candidato nacionalista Luis Lacalle Pou vem de uma família tradicional na política uruguaia e é filho do antigo Presidente Luis Alberto Lacalle Herrera, que governou entre 1990 e 1995.
O candidato da FA, Daniel Martínez, engenheiro e sindicalista, foi senador, ministro e autarca de Montevideu, e teve uma extensa e variada carreira que passou pelas esferas pública e privada.
Daniel Martínez anunciou como trunfo, durante a campanha da segunda volta, que o ex-Presidente José Mujica (2010-2015) seria integrado como ministro num eventual executivo da Frente Ampla.
José Mujica, ex-líder guerrilheiro de 84 anos, liderou a lista da FA que obteve o maior número de votos para o Senado nesta legislatura (2020-2025), teria de renunciar ao cargo se for eventualmente nomeado responsável para o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pescas.
Enquanto alguns países da América Latina, nomeadamente na América do Sul, estão a passar por uma grave crise política e social, como são os casos da Venezuela, do Chile, da Argentina e da Bolívia, que já contam com dezenas de mortos nos últimos meses, e por regimes populitas, como o Brasil, o Uruguai tem mantido a estabilidade social, política e económica.