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Tripulantes mortos. Marinha dos EUA detetou sons "consistentes com implosão" do Titan
Foram registados sons "consistentes com uma implosão" após o submersível da empresa turística OceanGate ter perdido o contacto com a superfície, no passado domingo, revelaram as autoridades norte-americanas. Este dado soma-se à descoberta dos destroços indicadores de uma incidente "catastrófico". Os fragmentos encontrados perto dos destroços do Titanic incluem o cone da cauda do Titan e duas secções do casco de pressão.
O submersível, que começou a viagem aos destroços do Titanic no domingo, desapareceu ao cabo de uma hora e 45 minutos de mergulho. Em emergência, a cápsula estaria projetada para garantir 96 horas de oxigénio como “suporte de vida”.
As buscas de quatro dias que se seguiram não tiveram sucesso. Na quinta-feira, o contra-almirante Mauger, da Guarda Costeira norte-americana, confirmou as mortes das cinco pessoas a bordo do Titan.
"Implosão catastrófica"
A tese de implosão do submersível Titan ganha terreno com novas informações difundidas pelas autoridades norte-americanas.
A causa apontada para o acidente é uma "implosão catastrófica", com base nos padrões de detritos. A este dado soma-se a deteção de sons "consistentes com uma implosão ou explosão nas proximidades de onde o submersível Titan estava a operar quando as comunicações foram perdidas”, no domingo, de acordo com a Marinha norte-americana.
Um oficial da Marinha dos EUA avançou à CBS News que as informações sobre a "anomalia acústica" foram, depois, usadas pela Guarda Costeira para restringir a área de busca.Os esforços continuam para mapear o campo de destroços e investigar o fundo do mar em redor do Titanic.
Um veículo subaquático operado remotamente – ROV - encontrou cinco fragmentos principais do submarino Titan de 6,7 metros. “O campo de destroços no fundo do mar está a cerca de 488 metros da proa dos destroços do Titanic”, que repousa a quatro quilómetros abaixo da superfície do Atlântico Norte, respondeu o contra-almirante da Guarda Costeira dos EUA John Mauger, a jornalistas.
"Essencialmente, encontrámos cinco pedaços principais diferentes de detritos que nos disseram que eram os restos do Titan", alegou.
“O campo de destroços aqui é consistente com uma implosão catastrófica do veículo”, reitera Mauger. Os fragmentos encontrados incluíam o cone da cauda e duas seções do casco de pressão.
Não foi feita qualquer referência a restos humanos.
A agência Reuters noticiou na quinta-feira que as renúncias de responsabilidade assinadas pelos passageiros do Titan podem não proteger o proprietário da embarcação de possíveis processos judiciais por parte das famílias das vítimas
Turismo, os lucros e o risco da curiosidade
Com o destino do Titan e daqueles que iam a bordo, as atenções voltam-se para a segurança dos engenhos ao serviço do turismo e a respetiva adequação para transportar pessoas até ao local do naufrágio do Titanic.
Quem embarcou naquela que se tornou a última viagem do Titan, pagou mais de 250 mil euros por passageiro. O percurso levaria oito horas para descer a 3.800 metros e chegar ao que resta do RMS Titanic, a cerca de 380 milhas da costa de St. John's, em Newfoundland.
Durante mais de um século, o navio afundado tem estimulado a curiosidade irresistível dos exploradores e cineastas.
O realizador do blockbuster de Hollywood Titanic e explorador de águas profundas, James Cameron, tornou-se a primeira pessoa a fazer um mergulho a solo até à parte mais profunda do oceano. Em 2012, Cameron projetou e construiu um submersível. E "o risco de um submarino implodir sob pressão esteve sempre em primeiro lugar nas mentes dos engenheiros".
Entre diversos episódios relacionados com a reivindicação dos destroços e direitos para visitar o Titanic, várias empresas constituíram rotas turísticas dedicadas a uma franja de público endinheirado.
Em 1998, a empresa britânica Deep Ocean Expeditions foi uma das primeiras a vender bilhetes ao público por cerca de 33 mil euros. Em 2012, a mesma empresa ampliou as viagem para 12 dias, cada uma, e levou 20 passageiros por mais de 59 mil euros por pessoa.
A partir de 2002, a empresa de viagens Bluefish, com sede em Los Angeles, começa também a mergulhar até ao Titanic com preços que atingem os 60 mil euros por pessoa.
Em 2019, a Blue Marble, com sede em Londres, vendeu bilhetes por mais de 106 mil euros.
A OceanGate realizou expedições bem-sucedidas em 2021 e 2022 e tem 18 mergulhos planeados em 2023.