Troca de prisioneiros entre Kiev e Moscovo irrita líderes pró-russos
Na madrugada passada, a Rússia e a Ucrânia protagonizaram a maior troca de prisioneiros desde o início da guerra. Se do lado ucraniano, Volodymyr Zelensky considera "super-heróis" os militares que foram libertados por Moscovo, do lado russo as críticas à estratégia de Vladimir Putin parecem ter aumentado. Ramzan Kadyrov, líder da Chechénia e assumidamente pró-russo, criticou a decisão de as forças russas terem libertado cerca de um centena de soldados ucranianos do Regimento Azov e admitiu ter sido apanhado de surpresa.
Ramzan Kadyrov, líder da Chechénia e tipicamente um firme defensor de Putin, discordou do facto de cerca de 100 soldados ucranianos do Regimento Azov – um batalhão associado a neonazis – terem sido devolvidos à Ucrânia. Nos primeiros meses da guerra, foram muitos os soldados chechenos que foram recrutados para ajudar soldados russos e que estiveram nos confrontos com as forças ucranianas de Azov, em Mariupol.
Kadyrov admitiu estar "extremamente insatisfeito" com a troca e denominou as forças de Azov como "terroristas".
"Estou extremamente insatisfeito com as notícias de ontem. A situação toda nem faz sentido para mim", disse Kadyrov no Telegram.
"Sempre que decisões de combate ou táticas foram tomadas, consultaram-nos a nós, os participantes ativos da operação militar especial. Mas agora não", criticou Kadyrov.
"Aqueles que estão no topo do Ministério da Defesa e do FSB podem ver as coisas com muito mais clareza", escreveu Kadyrov.
Foram libertados 215 ucranianos pelo lado russo em troca da libertação, pela Ucrânia, do milionário ucraniano Viktor Medvedchuk, aliado próximo do presidente da Rússia. Por outro lado, cinco oficiais do batalhão Azov foram trocados por 55 soldados russos, segundo a Europa Press.
We are liberating not only Ukrainian territory. We are also returning our people home. Heroes whose courage inspired the whole world are free. Even on a day like this we remember those who are still held in captivity by the occupiers. We wait. We believe. They too will be freed. pic.twitter.com/MSUGOxMcmw
— Defense of Ukraine (@DefenceU) September 21, 2022
Entre os 215 militares que foram trocados pelos russos, estão os líderes do comando que defendeu a antiga fábrica de Azovstal, na cidade de Mariupol, símbolo da resistência à invasão.
"Conseguimos libertar 215 prisioneiros", declarou à televisão o chefe da administração presidencial ucraniana, Andriy Yermak, citado pela AFP.