Tropas somalis tomam último porto controlado pelos rebeldes Shebab

por Lusa

Mogadíscio, 05 out (Lusa) - Tropas somalis e da União Africana (AMISOM) tomaram hoje o porto de Barawe, o último reduto importante controlado pelos rebeldes do movimento islamita Shebab, aliados da Al-Qaida.

A perda de Barawe representa mais um duro golpe para o movimento, que há um mês perdeu o seu líder, morto durante um ataque aéreo dos Estados Unidos.

Barawe, crucial para o financiamento dos rebeldes, era o objetivo principal da operação "Oceano Índico", lançada em finais de agosto pela AMISOM e pelo exército da Somália e que permitiu a retomada de dezenas de localidades no centro e sul do país.

"É muito significativo, foi a `capital` dos shebab que caiu", considerou um especialista, citado pela agência France Presse.

A queda de Barawe acontece um mês após a morte do líder do movimento Ahmed Abdi "Godane".

"A morte de Godane e a perda de Barawe são dois grandes golpes. Não me recordo de uma conjunção de acontecimentos tão desfavoráveis [aos rebeldes], mesmo depois da grande ofensiva de 2011, que os expulsou de Mogadiscio", sublinhou o mesmo especialista.

Segundo o governador da região de Basse-Shabelle, Abdukadir Mohamed Nur, "o exército da Somália e a AMISOM tomaram o controlo de Barawe hoje de manhã. A situação está calma e os rebeldes fugiram antes de as tropas terem chegado à cidade".

"Havia fracas bolsas de resistência e algumas emboscadas antes de chegarmos a Barawe, mas agora a situação está normal e o exército controla totalmente" a cidade, situada a cerca de 200 quilómetros de Mogadíscio, explicou um responsável militar somali, Abdi Mire.

O porto de Barawe, de onde os rebeldes exportavam carvão para os países do Golfo era crucial para o financiamento dos rebeldes. Segundo as Nações Unidas, o tráfico de carvão a partir de Barawe rendia cerca de 19 milhões de euros anualmente.

Os Shebab não param de recuar militarmente desde meados de 2011 face à superioridade numérica das tropas da AMISOM, que tinham no início do ano 22 mil efetivos.

Depois da sua expulsão de Mogadíscio, os rebeldes abandonaram os combates convencionais, optando por ações de guerrilha e atentados como os ocorridos em Mogadíscio, no Quénia e em Djibuti.

Continuam a controlar vastas áreas rurais da Somália bem como numerosos eixos rodoviários, permanecendo uma ameaça importante à segurança na região, lembram os especialistas.

A Somália não tem um verdadeiro governo central desde a queda do regime autoritário do presidente Siad Barre, em 1991, estando o país entregue às milícias dos "senhores da guerra", a bandos criminosos e grupos islamitas.

O atual governo, apresentado pela comunidade internacional como a melhor esperança para a paz em mais de 20 anos, está a ter dificuldades em implantar o seu poder fora de Mogadíscio.

CFF// ATR

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