Trump acusado de antissemitismo depois de apontar o dedo a judeus

Donald Trump tem sido alvo de críticas depois de, na terça-feira, ter apontado o dedo aos judeus que votam no Partido Democrático, o que considerou “uma total falta de conhecimentos ou uma imensa falta de lealdade”.

RTP /
"Qualquer judeu que vote num democrata revela ou uma total falta de conhecimentos ou uma imensa falta de lealdade", defendeu Trump Kevin Lamarque - Reuters

Em declarações na Sala Oval, o Presidente norte-americano referiu-se a duas congressistas democratas que foram barradas ao tentar entrar em Israel por estarem envolvidas num movimento que pretende acabar com o apoio internacional ao país do Médio Oriente, nomeadamente devido às suas políticas para com o povo palestiniano.

“Há cinco anos, ou mesmo há três anos, falar sobre isto – sobre cortar o apoio a Israel por causa de duas pessoas que odeiam Israel e odeiam o povo judaico – eu nem acredito que estamos a ter esta conversa”, argumentou Donald Trump.

“O que aconteceu ao Partido Democrático? O que aconteceu para que esteja a defender estas duas pessoas em vez do Estado de Israel?”, questionou o Presidente.

“Eu penso que qualquer judeu que vote num democrata revela ou uma total falta de conhecimentos ou uma imensa falta de lealdade”, acrescentou.

As afirmações vindas da Casa Branca despoletaram uma série de críticas vindas da comunidade e de políticos judeus, que chegaram mesmo a acusar Trump de antissemitismo.

“Não é claro em relação a quem o Presidente diz que os judeus serão desleais, mas acusações de deslealdade são há muito utilizadas para atacar os judeus”, declarou Jonathan Greenblatt, diretor da organização judaica norte-americana Liga Antidifamação.


“Alegações deste tipo são dispensáveis no processo democrático. Já está na altura de parar de usar os judeus como um jogo de futebol político”, acrescentou.

Já Halie Soifer, diretora do Conselho Democrático Judaico da América, considerou as declarações do Presidente dos Estados Unidos “mais um exemplo de como continua a militarizar e a politizar o antissemitismo”.

“Numa altura em que os incidentes antissemitas têm aumentado devido ao facto de o Presidente encorajar o nacionalismo branco, Trump está a repetir este estereótipo antissemita”, salientou Soifer.

“Se isto é sobre Israel, então Trump está novamente a alegar uma dupla lealdade, o que é uma forma de antissemitismo. Se é sobre os judeus não lhe serem leais, então Trump precisa de ter noção da realidade. Vivemos numa democracia, e o apoio dos judeus ao Partido Republicano ficou reduzido a metade nos últimos quatro anos”, terminou.
"Já chega, senhor Presidente"
O Comité Judaico Americano pediu a Trump para parar com este tipo de acusações. “Já chega, senhor Presidente. Os judeus americanos – como todos os americanos – possuem um vasto leque de visões políticas”, explicou a organização.

“A avaliação [do Presidente] sobre os conhecimentos ou lealdade [dos judeus], com base em preferências partidárias, é desrespeitosa, leva a uma divisão e não é bem-vinda. Por favor, pare”.

Entre as figuras políticas, Bernie Sanders foi quem mais se destacou ao criticar o Presidente. “A minha mensagem para Trump: sou um judeu orgulhoso e voto no Partido Democrático sem nenhuma relutância”, escreveu no Twitter.


O democrata publicou ainda um vídeo no qual surgem as declarações de Trump, seguidas pelo próprio Sanders a dizer que pretende votar num homem judeu nas próximas eleições presidenciais norte-americanas, referindo-se a ele mesmo.

A Coligação Judaica Republicana, por seu lado, saiu em defesa de Donald Trump. “O Presidente está certo, revela uma imensa falta de lealdade defender um partido que protege e incentiva pessoas que odeiam outras com base na religião”, considerou.

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