Trump acusado de antissemitismo depois de apontar o dedo a judeus
Donald Trump tem sido alvo de críticas depois de, na terça-feira, ter apontado o dedo aos judeus que votam no Partido Democrático, o que considerou “uma total falta de conhecimentos ou uma imensa falta de lealdade”.
“Há cinco anos, ou mesmo há três anos, falar sobre isto – sobre cortar o apoio a Israel por causa de duas pessoas que odeiam Israel e odeiam o povo judaico – eu nem acredito que estamos a ter esta conversa”, argumentou Donald Trump.
“O que aconteceu ao Partido Democrático? O que aconteceu para que esteja a defender estas duas pessoas em vez do Estado de Israel?”, questionou o Presidente.
“Eu penso que qualquer judeu que vote num democrata revela ou uma total falta de conhecimentos ou uma imensa falta de lealdade”, acrescentou.
As afirmações vindas da Casa Branca despoletaram uma série de críticas vindas da comunidade e de políticos judeus, que chegaram mesmo a acusar Trump de antissemitismo.
“Não é claro em relação a quem o Presidente diz que os judeus serão desleais, mas acusações de deslealdade são há muito utilizadas para atacar os judeus”, declarou Jonathan Greenblatt, diretor da organização judaica norte-americana Liga Antidifamação.
President Trump’s “assessment of [American Jews’] knowledge or ‘loyalty,’ based on their party preference, is inappropriate, unwelcome, and downright dangerous.”
— AJC (@AJCGlobal) August 20, 2019
Read AJC’s full statement in response to the President’s comments today.https://t.co/VHEFh8smus pic.twitter.com/UXftWN5Qdj
“Alegações deste tipo são dispensáveis no processo democrático. Já está na altura de parar de usar os judeus como um jogo de futebol político”, acrescentou.
Já Halie Soifer, diretora do Conselho Democrático Judaico da América, considerou as declarações do Presidente dos Estados Unidos “mais um exemplo de como continua a militarizar e a politizar o antissemitismo”.
“Numa altura em que os incidentes antissemitas têm aumentado devido ao facto de o Presidente encorajar o nacionalismo branco, Trump está a repetir este estereótipo antissemita”, salientou Soifer.
“Se isto é sobre Israel, então Trump está novamente a alegar uma dupla lealdade, o que é uma forma de antissemitismo. Se é sobre os judeus não lhe serem leais, então Trump precisa de ter noção da realidade. Vivemos numa democracia, e o apoio dos judeus ao Partido Republicano ficou reduzido a metade nos últimos quatro anos”, terminou.
“A avaliação [do Presidente] sobre os conhecimentos ou lealdade [dos judeus], com base em preferências partidárias, é desrespeitosa, leva a uma divisão e não é bem-vinda. Por favor, pare”.
Entre as figuras políticas, Bernie Sanders foi quem mais se destacou ao criticar o Presidente. “A minha mensagem para Trump: sou um judeu orgulhoso e voto no Partido Democrático sem nenhuma relutância”, escreveu no Twitter.
My message to Trump: I am a proud Jewish person and I have no concerns about voting Democratic. pic.twitter.com/vNEQfRnb5f
— Bernie Sanders (@BernieSanders) August 21, 2019
O democrata publicou ainda um vídeo no qual surgem as declarações de Trump, seguidas pelo próprio Sanders a dizer que pretende votar num homem judeu nas próximas eleições presidenciais norte-americanas, referindo-se a ele mesmo.
President Trump is right, it shows a great deal of disloyalty to oneself to defend a party that protects/emboldens people that hate you for your religion. The @GOP, when rarely confronted w/anti-Semitism of elected members always acts swiftly and decisively to punish and remove. https://t.co/mEBgd84qkf
— RJC (@RJC) August 20, 2019