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Trump anuncia acordo para normalização de relações entre Israel e Marrocos

por Joana Raposo Santos - RTP
Marrocos, com uma antiga história judaica e onde atualmente vive uma pequena comunidade de judeus, tem mantido relações informais com Israel há vários anos. Tom Brenner - Reuters

Israel e Marrocos alcançaram um acordo para normalizar as suas relações diplomáticas, anunciou esta quinta-feira Donald Trump. Marrocos torna-se, assim, o quarto país árabe a normalizar os laços com Israel em apenas quatro meses, depois dos Emirados Árabes Unidos, Barém e Sudão.

“Mais um feito histórico hoje! Os nossos dois grandes amigos Israel e o reino de Marrocos concordaram em relações diplomáticas totais – um enorme avanço para a paz no Médio Oriente!”, escreveu o presidente norte-americano na rede social Twitter.


O acordo entre as duas partes inclui um outro acordo de Washington que reconhece a reivindicação de Marrocos sobre a disputada região do Saara Ocidental.

“A séria, credível e realista proposta de autonomia é a ÚNICA base para uma solução justa e duradoura que garante a paz e a prosperidade”, afirmou Donald Trump. “Marrocos reconheceu os Estados Unidos em 1777. É, por isso, adequado que reconheçamos a sua soberania sobre o Saara Ocidental”.

Nenhum outro membro das Nações Unidas reconheceu, até ao momento, o território do Saara Ocidental como parte de Marrocos. Marrocos, com uma antiga história judaica e onde atualmente vive uma pequena comunidade de judeus, tem mantido relações informais com Israel há vários anos.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, descreveu o acordo como “mais um grande raio de luz para a paz” e avançou que os dois países pretendem reabrir os gabinetes de comunicações económicas, encerrados desde 2002, e trabalhar rapidamente para nomearem embaixadores e começarem a ter voos diretos entre os seus territórios.

A família real marroquina confirmou que o rei Maomé VI já tinha dito a Donald Trump que pretendia facilitar a existência de voos diretos para turistas israelitas.

Após anunciar o acordo, o presidente Donald Trump falou com o rei marroquino e, segundo um comunicado da Casa Branca, “os líderes discutiram a cooperação na luta contra o novo coronavírus, formas de minimizar o impacto económico e interesses comuns em problemas regionais críticos”.

“Durante a conversa, o rei concordou em retomar as relações diplomáticas entre Marrocos e Israel e em expandir a cooperação económica e cultural de modo a alcançar a estabilidade regional”, acrescenta o documento.
Marrocos continua a defender solução de dois Estados
A Administração Trump tem-se focado no estabelecimento de acordos entre Israel e os países árabes, algo que conseguiu com os Emirados Árabes Unidos e Barém. Um terceiro acordo com o Sudão foi também anunciado, mas ainda não está finalizado.

O acordo entre Israel e Marrocos tem sido um objetivo da Casa Branca nas últimas semanas. O conselheiro do presidente dos EUA Jared Kushner disse recentemente que esta normalização dos laços entre as duas partes “surge após quatro anos de trabalho muito, muito árduo e de diplomacia muito intensa”.

Em relação ao reconhecimento, por parte dos Estados Unidos, do Saara Ocidental como território marroquino, Kushner afirmou que tal era “inevitável neste momento”.

Segundo meios de comunicação israelitas, o acordo agora alcançado foi proposto por Israel à Casa Branca no início deste ano. Nessa altura, de acordo com jornais franceses, Marrocos adquiriu três drones a Israel por 48 milhões de dólares.

Benjamin Netanyahu garantiu que o acordo se focou nos muitos israelitas de origem marroquina e não em assuntos de segurança. “Todos conhecem os fortes laços dos reis marroquinos e do povo marroquino com a comunidade judaica em Israel”, afirmou.

“Centenas de milhares de judeus deslocaram-se de Israel para Marrocos e formam uma ponte viva entre os povos de Marrocos e de Israel. Esta base sólida é a fundação na qual construímos esta paz”, acrescentou.

Um comunicado da casa real marroquina avançou, entretanto, que o rei Maomé VI falou ao telefone com o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, e lhe disse que Rabat continua a defender uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano.

O monarca acrescentou que as negociações entre Israel e Palestina são a única forma de alcançar uma solução definitiva e duradoura para o conflito.
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