Donald Trump avançou esta quarta-feira que a task force da Casa Branca que tem prestado auxílio no combate à pandemia de Covid-19 vai manter-se por tempo indefinido, mas que poderão ser retirados ou adicionados membros ao seu corpo. As declarações surgem um dia depois de o vice-presidente Mike Pence ter declarado que essa task force iria ser gradualmente eliminada, apontando para fim de maio como data da sua extinção.
“Devido a este sucesso, a task force vai continuar por tempo indefinido, focada na segurança e na reabertura do nosso país. Poderemos acrescentar ou retirar alguns dos seus membros, caso seja apropriado. A task force vai também estar muito focada em vacinas e medicamentos”, elucidou o Presidente.
The White House CoronaVirus Task Force, headed by Vice President Mike Pence, has done a fantastic job of bringing together vast highly complex resources that have set a high standard for others to follow in the future. Ventilators, which were few & in bad shape, are now being....
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 6, 2020
Trump aproveitou para elogiar os esforços da sua Administração no combate à pandemia, para os quais terá também contribuído a equipa de especialistas da Casa Branca. “Ventiladores, que eram poucos e estavam em mau estado, estão agora a ser produzidos aos milhares, e temos muitos de sobra. Estamos a ajudar outros países que estão desesperados por esses ventiladores”.
“Estamos agora a fazer mais testes do que todos os outros países em conjunto, e com melhores testes. Máscaras e viseiras, luvas, batas, entre outros, são agora imensos. As últimas quatro teleconferências entre governadores foram muito fortes”, afirmou.
Pence apontou para fim de maio extinção da task force
Na terça-feira, o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, tinha anunciado em conferência de imprensa que o trabalho da task force deveria ser dado por terminado pelo fim de maio, altura em que a gestão das questões de saúde pública voltaria a estar nas mãos das agências federais.
Pence, que tem liderado a task force da Casa Branca nos últimos dois meses, defendeu que os esforços para conter a propagação do vírus se revelaram tão eficazes que deixou de existir necessidade de manter por completo a equipa de especialistas.
“[Esta decisão] é realmente um reflexo do tremendo progresso que temos feito enquanto país”, declarou o vice-presidente.Em Nova Iorque, que tem sido o epicentro da pandemia, o número de infeções está a diminuir, mas por todos os restantes Estados os casos confirmados não param de crescer.
Outros elementos da Administração Trump referiram ainda que estão a ser feitos planos para que a Casa Branca passe a reunir-se com especialistas numa base mais informal após a extinção da task force. Além disso, Jared Kushner, genro e conselheiro de Donald Trump, vai ajudar a supervisionar um grupo de funcionários cuja função tem sido pressionar a comunidade científica para que esta desenvolva rapidamente uma vacina e tratamentos para a Covid-19.
Estes anúncios foram feitos um dia depois de uma nova estimativa ter sugerido que as mortes por Covid-19 nos EUA, atualmente mais de 70 mil, poderão duplicar até início de agosto, e que o número de infeções pode subir abruptamente conforme continuarem a reabrir os negócios que até agora têm estado parados.
“Iremos apagar a chama”, garante Trump
Questionado na terça-feira sobre por que considerava este o momento certo para eliminar a task force, Donald Trump respondeu que “não podemos manter o país fechado por mais cinco anos”. Em declarações aos jornalistas durante uma visita a uma fábrica de máscaras no Arizona, acrescentou que “passaremos a ter algo num formato diferente”.
O presidente reconheceu, porém, que esta ação não significa que a luta contra a Covid-19 tenha terminado. “Não, de todo. A missão só estará concluída quando [a pandemia] terminar”. Se houver uma nova onda de casos no próximo Outono, “iremos apagar a chama”, garantiu.
Trump aproveitou para acrescentar que os democratas querem vê-lo falhar no combate à pandemia. “Eles querem que a nossa situação seja mal sucedida, o que significa mais mortes, mas a nossa situação vai ser bem sucedida”, declarou, citado pela Al Jazeera. “Querem que falhemos para que possam vencer as eleições, mas não vão vencer”.
O líder, que hoje acabou por se contradizer quanto ao fim da task force, assegurou ainda que Anthony Fauci, principal especialista em doenças infeciosas nos EUA, e Deborah Birx, responsável da Casa Branca para a coordenação da resposta ao surto, vão permanecer como conselheiros depois de a equipa de especialistas ser desmantelada.
“Precisamos de ter um corpo coordenador”
Apesar de alguns dos conselhos que eram dados pela task force, nomeadamente o de não apressar a reabertura da economia, serem ignorados pelos governadores de vários Estados norte-americanos, e de membros da equipa por vezes contrariarem as afirmações de Donald Trump, o conjunto de especialistas era visto por muitos como um sinal de que a Casa Branca estava a levar a sério o combate à pandemia.
“Todos compreendem que a task force é o elemento que coordena, que planeia as políticas a adotar, que fornece as orientações” à Administração Trump, explicou ao New York Times a médica e professora de saúde pública Leana Wen. “Precisamos de ter um corpo coordenador que o presidente escute e que possa dirigir todo o governo federal”.