Trump declara “emergência nacional” e Huawei reage

por RTP
Daniel Becerril - Reuters

Donald Trump assinou uma ordem executiva e declarou “emergência nacional”, proibindo as empresas norte-americanas de utilizar tecnologia e redes de telecomunicações estrangeiras. O presidente dos EUA alega “riscos inaceitáveis” para a segurança nacional, como espionagem de “adversários estrangeiros”.

A ordem executiva, anunciada esta quarta-feira, impede as empresas dos Estados Unidos da América de colaborar com companhias de telecomunicações estrangeiras que, segundo Trump representam um risco para a segurança nacional.

Não referindo nenhuma empresa específica, esta declaração surge num contexto de tensão entre os EUA e a empresa tecnológica chinesa, Huawei.

Esta declaração vem reforçar as preocupações do Governo norte-americano que tem referido que considera os equipamentos de fornecedores chineses uma ameça e uma forma do Governo chinês espiar e aceder à infraestrutura da Internet e das telecomunicações dos EUA.

Washington declarou que pretende proteger o país “dos adversários estrangeiros que exploram cada vez mais as vulnerabilidades da infraestrutura, dos serviços de tecnologia da informação e das comunicações nos Estados Unidos".

Invocando a Lei dos Poderes Económicos Internacionais de Emergência, esta ordem executiva garante autoridade ao Presidente dos EUA para regular o comércio como reação a uma alegada ameaça à segurança do país.

“Sob a liderança do Presidente Trump, os americanos poderão confiar que os nossos dados e infraestruturas estão seguros”, disse Wilbur Ross, secretário do Comércio dos EUA, à Reuters.

Nos últimos meses, os EUA têm apelado aos seus aliados e às empresas nacionais que impeçam empresas chinesas, nomeadamente a Huawei, de fornecer tecnologia para as redes 5G, acusando certas companhias de espionagem e violação de direitos de propriedade intelectual.

No início deste ano, os EUA acusou a empresa chinesa de cometer crimes como fraude bancária, conspiração contra os EUA, violação das sanções contra o Irão e de violação de propriedade intelectual. A Huawei tem sido ainda acusada de tentar passar informações aos serviços secretos da China.

Nos últimos anos, a Huawei tornou-se a empresa líder em 5G e nem todos os países têm seguido os EUA. É o caso da Alemanha, que afirmou não dispensar dos equipamentos e serviços tecnológicos da empresa chinesa.
Huawei: "Isso não tornará os EUA mais seguros"

Após a declaração do Presidente dos EUA, a gigante tecnológica reagiu à proibição dos “adversários estrangeiros” e do controle mais rígido no controle das exportações.

Num comunicado à imprensa a Huawei respondeu à ordem executiva afirmando que “se os EUA restringirem a Huawei, isso não tornará os EUA mais seguros, nem tornará os EUA mais fortes. Isso só forçará os EUA a usar equipamentos alternativos de qualidade inferior e cara, ficando atrás de outros países (…) e, em última instância, prejudicando empresas e os consumidores dos EUA ”.

Ao Guardian, o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, descreveu as ações dos EUA contra "empresas chinesas específicas", como a Huawei, como "vergonhosas e injustas".

"Pedimos que os EUA parem de oprimir as empresas chinesas sob o pretexto de preocupações de segurança e forneça um ambiente justo e não-discriminatório para seu investimento e funcionamento normais", disse Geng.

Assim como os EUA, países como a Autrália, a Nova Zelândia e o Japão já excluiram algumas empresas e serviços chineses, alegando também falta de confiança e segurança nacional.
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