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Trump defende reforço de tropas em Los Angeles contra apelos dos democratas

por Inês Moreira Santos - RTP
Ken Cedeno - EPA

Donald Trump declarou que a Guarda Nacional estará nas ruas de Los Angeles "até que não haja mais perigo", recusando-se a estabelecer um limite para o fim da mobilização de militares destinada a conter os protestos contra a perseguição de imigrantes. Decisão que está a gerar polémica, numa altura em que o Pentágono revelou que o envio de tropas vai custar 134 milhões de dólares e que um grupo de democratas do Congresso norte-americano apelou ao presidente para retirar as forças de segurança e que se reduzam as tensões.

“É fácil. Reparem, é bom senso. Quando não houver perigo, eles vão embora", afirmou Donald Trump aos jornalistas esta terça-feira.

Em declarações a partir da Sala Oval na Casa Branca, o presidente norte-americano justificou que se a sua Administração "não se envolvesse" Los Angeles estaria "em chamas, assim como estava a arder há alguns meses".

"Teriam tido uma situação horrível se eu não os tivesse enviado", disse ainda. "Estariam a registar muitas mortes e muita destruição, e isso não vai acontecer".

A decisão de Trump de ultrapassar o governador democrata Gavin Newsom e ordenar o envio de dois mil soldados da Guarda Nacional para proteger os edifícios federais na cidade, uma medida sem precedentes nos últimos 60 anos, atraiu críticas de ativistas, defensores das liberdades civis e autoridades como o próprio governador e a presidente da Câmara de Los Angeles, Karen Bass.

Já na manhã desta terça-feira, Trump criticou na rede Truth Social "um governador e uma mayor incompetentes", referindo-se a Gavin Newsom e Karen Bass, pelo número de casas destruídas e pela forma como lidaram com o processo de reconstrução.

Pressionado por congressistas a indicar quanto vai custar o envio de alguns milhares de elementos da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais para Los Angeles, o secretário da Defesa Pete Hegseth indicou que o valor ronda os 134 milhões de dólares, descreve a Associated Press, que adianta que o montante sairá do orçamento destinado a operações e manutenção.
Democratas exortam Trump a retirar tropas da Califórnia
Entretanto, um grupo de democratas do Congresso pediu, também esta terça-feira, a Donald Trump que retire as tropas enviadas para a Califórnia.

"Estamos num ponto de viragem perigoso no nosso país. Numa democracia, a desobediência civil não é enfrentada com uso da força militar, mas é exatamente isso que Trump está a fazer. Está a incitar a uma situação que pode piorar se as pessoas não diminuírem a tensão. E a forma de acalmar é retirar a Guarda Nacional e as forças armadas
", disse o congressista Jimmy Gomez, citado pela agência EFE.

“Já não se trata de política de imigração”, disse também a deputada Norma Torres, que acrescentou que “se trata de dignidade humana e do Estado de direito”.

As tensões entre o Partido Republicano e a liderança democrata da Califórnia intensificaram-se com o envio de mais soldados da Guarda Nacional e marines. Newsom anunciou que o Estado está a processar a Administração Trump por aquilo que considera ser uma “violação da sua soberania”.

O comandante do Corpo de Marines, Eric Smith, esclareceu também nas últimas horas que o batalhão não atuou ainda em qualquer protesto.

Los Angeles entrou no quinto dia de tensão, depois de manifestações pacíficas contra as rusgas do Immigration and Customs Enforcement (ICE) terem escalado para confrontos com a polícia, com episódios de violência, carros incendiados e centenas de detenções que resultaram na militarização da cidade.

c/ agências
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