Trump excluído do Facebook e do Instagram

por Inês Moreira Santos - RTP
Michael Reynolds - EPA

O Conselho de Supervisão da empresa Facebook anunciou, esta quarta-feira, que decidiu manter a suspensão de Donald Trump e que este continuará impedido de usar as suas páginas nas redes sociais Facebook e Instagram. Banido de forma permanente também do Twitter, Donald Trump criou a sua própria plataforma de comunicações.

Donald Trump foi temporariamente banido das redes sociais em janeiro, devido a suspeitas de incitamento à violência, após os seus apoiantes terem invadido o Capitólio enquanto o Congresso validava a vitória de Joe Biden. Mas, pelos vistos, o ex-presidente norte-americano vai continuar afastado das redes sociais Facebook e Instagram por mais seis meses.

A decisão foi anunciada, esta quarta-feira, pelo recém-criado "Conselho de Supervisão", composto por um painel de peritos para julgar casos de moderação de conteúdos, após analisar a decisão tomada preventivamente em janeiro.

O organismo supervisor acredita, contudo, que "não é apropriado" que a rede social Facebook imponha uma "sanção com duração indefinida", pelo que pede que, nos próximos seis meses, a empresa "reconsidere a decisão arbitrária imposta a 7 de janeiro".

"O painel sustentou a decisão do Facebook tomada a 7 de janeiro de 2021 de restringir o então presidente dos EUA de aceder à publicação de conteúdos na sua página no Facebook e conta no Instagram. No entanto, não foi apropriado da parte do Facebook impor a penalização indeterminada e não prevista de suspensão por tempo indefinido", indica o Conselho de Supervisão num comunicado.

O conselho supervisor concordou que as mensagens divulgadas por Donald Trump no início de janeiro "violaram gravemente" os padrões de conteúdo das redes sociais Facebook e Instagram, referindo-se às mensagens que o ex-presidente colocou na véspera e durante a invasão do Capitólio pelos seus apoiantes, a 6 de janeiro, ação que provocou várias mortes e feridos.

No dia seguinte, o Facebook decidiu suspender a conta de Donald Trump por tempo indeterminado, alegando que o ex-presidente tinha apelado à violência através das redes sociais.

Esta quarta-feira, o Conselho de Supervisão - um organismo semi-independente cujas decisões são vinculativas - determinou que o antigo inquilino da Casa Branca "criou um ambiente em que um sério risco de violência era possível" com os seus comentários a 6 de janeiro, confirmando que Trump continuará sem poder publicar nas suas contas de Facebook e Instagram.

"No momento da publicação das mensagens de Donald Trump, houve um risco claro e imediato de dano e as suas palavras de apoio aos envolvidos nos distúrbios legitimaram as suas ações violentas", concluiu o conselho.

O organismo concordou ainda que Trump exerceu forte influência no comportamento dos seus apoiantes no momento da invasão do Capitólio.

"O alcance dos seus ‘posts’ foi significativo, com 35 milhões de seguidores no Facebook e 24 milhões no Instagram", acrescentou o conselho, fazendo recomendações à empresa que gere as redes sociais para que "desenvolva políticas claras, necessárias e proporcionais que promovam a segurança pública e respeitem a liberdade de expressão".

Este conselho supervisor é composto por académicos e figuras com notoriedade nas áreas sociais e políticas e tem a capacidade de contrariar decisões tomadas ao mais alto nível na rede social, incluindo do próprio fundador, Mark Zuckerberg, assegura a empresa.
Banido das redes sociais, Trump cria um blog

Outras redes sociais tomaram medidas semelhantes às do Facebook após a invasão do Capitólio, mantendo a interdição de Donald Trump. O Twitter, a rede social preferida de Trump e na qual tinha quase 89 milhões de seguidores, também suspendeu a conta do ex-presidente em janeiro, mas nessa rede de forma permanente.

Já o YouTube anunciou que vai esperar até que "o risco de violência diminua" antes de permitir que Trump volte a colocar vídeos no seu canal.

Entretanto, Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Trump, condenou a decisão da empresa que gere o Facebook, dizendo que tem um efeito negativo na liberdade de expressão e pediu uma regulamentação mais rígida ou o desmantelamento deste grupo empresarial.

"É um dia triste para a América, é um dia triste para o Facebook", disse Meadows, numa entrevista à estação televisiva Fox News.

O antigo conselheiro de Trump Jason Miller também tinha anunciado que o ex-presidente lançaria a sua própria plataforma digital "com dezenas de milhões de seguidores", mas, para já, apenas existe um ‘blog’ associado a uma página de Internet com algumas mensagens datadas de fevereiro deste ano.Para contornar estas decisões, Trump criou uma nova plataforma de comunicação onde pode publicar mensagens, vídeos e imagens e que os utilizadores podem depois partilhar no Facebook, Twitter e outras redes sociais.

Em "From the Desk of Donald", o ex-presidente dos Estados Unidos surge a escrever num livro na sua secretária. Um vídeo no topo do site inclui material de arquivo que mostra o anúncio de Trump a ser banido do Twitter e imagens de Trump no seu resort em Mar-a-Lago, na Florida, com a legenda: "Em tempos de silêncio e mentiras, surge um farol de liberdade. Um lugar para falar livremente e em segurança. Diretamente da secretária de Donald J. Trump".

Por baixo do vídeo aparecem uma série de publicações feitas pelo próprio, num estilo semelhante ao da rede social preferida de Trump. "From the desk of Donald J. Trump" permite ao ex-presidente publicar mensagens em texto, imagem ou vídeo que, por sua vez, os utilizadores serão capazes de partilhar no Facebook ou no Twitter.

A plataforma não permite, contudo, que Trump responda e interaja com os seus seguidores, como acontecia no Facebook e Twitter.

"Esta é apenas uma comunicação unilateral", explica uma fonte próxima à Fox News. "Este sistema apenas permite que Trump comunique com os seus seguidores", esclarece.

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